Empregadas têm sido obrigadas a ficar na casa dos patrões na pandemia
Na Bahia, essas mulheres já chegaram a ficar um ano sem voltar para casa; sindicato tem 28 pedidos de socorro e 92% das vítimas são negras
atualizado
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Por serem consideradas “focos de contaminação” do coronavírus por patrões, trabalhadoras domésticas têm sido obrigadas a ficar na casa dos empregadores pelo tempo que durar a pandemia. Muitas delas não vão à própria casa há mais de um ano, como denunciou o sindicato da categoria na Bahia, segundo noticia o Correio 24 Horas.
A publicação mostra histórias de mulheres nessa situação. Uma delas, identificada como Aila, ficou privada da própria vida desde março do ano passado até fevereiro deste ano. Ela relata ter suportado essa situação por necessidade de pagar as contas da família.
“No Sindicato de Empregadas Domésticas da Bahia, no bairro da Federação, há um caderno em que estão anotados os pedidos de socorro de empregadas confinadas no trabalho. Já são 28 deles, segundo levantamento do sindicato para o Correio 24 Horas”, traz a publicação.
A associação acredita que a maior parte dos casos nem chega a ser descoberta devido ao medo das empregadas de denunciar e perder a única fonte de renda.
Essas mulheres são, em sua maioria, negras – 92%, como mostra o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) –, chefes de família e moradoras de periferias.
Os patrões justificam essas restrições como “medo de contaminação”, explica Valdirene Boaventura, responsável pelo jurídico do sindicato, e assim obrigam as funcionárias a ficarem no trabalho.
As empregadas passaram a ser vistas como “ameaças”, pela exposição em transportes públicos e nos locais onde moram. A obrigação legal de oferecer proteção ao empregado no ambiente de trabalho é dos patrões, ressalta a publicação.