1 de 1 Fotografia colorida de sistema de combate de focos de incêndios na amazonia bombeiros sobrevoam áreas de queimadas próximo a Porto Velho em Rondonia
- Foto: Igo Estrela/Metrópoles
As emissões de gás carbônico (CO2) na Amazônia tiveram um aumento de 122% em 2020 em comparação com o período entre 2010 e 2018. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (23/8) na revista científica Nature por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de outras instituições nacionais.
O levantamento mostra também que em 2019 as emissões de gás carbônico tiveram uma alta de 89% em relação aos anos entre 2010 e 2018. Os pesquisadores apontam que a flexibilização na política ambiental realizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) é um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da liberação de CO² na atmosfera.
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018
Igo Estrela/Metrópoles
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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
Fábio Vieira/Metrópoles
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O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais
Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais
Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente
Agência Brasil
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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil
Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica
Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500
Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias
A equipe de pesquisadores coletou amostras de CO² em 742 voos realizados com uma pequena aeronave em quatro localidades da Amazônia e analisaram as amostras em um laboratório do Inpe.
O resultado das análises foi compartilhado com técnicos do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) e do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), ambos do Inpe, que produziram mapas que comparam a diferença no desmatamento em 2019 e 2020 com a média entre os anos de 2010 e 2018.
Com o levantamento junto ao Inpe, os pesquisadores concluíram que o desmatamento em 2019 e 2020 teve uma alta de 82% e 77%, respectivamente, em comparação com média registrada entre 2010 e 2018.
Em contrapartida, os cientistas verificaram que as multas aplicadas em quem descumpre a legislação ambiental tiveram uma queda de 30% e 54%, e os pagamentos das multas reduziram em 74% e 89% em 2019 e 2020, respectivamente.
El Niño
Os dados apontam ainda que o nível das emissões registradas entre 2019 e 2020 são comparáveis ao observado em 2015 e 2016, durante a ocorrência do evento climático extremo El Niño.
“Quando o El Niño aconteceu, as emissões de CO² cresceram porque foi um período de extrema seca, com muitas queimadas e perda de parte da floresta”, explica Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe e principal autora do artigo. Ela reforça que 2019 e 2020 não contaram com razões climáticas que justifiquem o crescimento das emissões, o que aponta para a ação humana como explicação.
A pesquisadora destaca ainda que o governo federal deve intensificar as medidas de monitoramento e controle do desmatamento e queimadas na Amazônia nos próximos anos, uma vez que a chegada do novo El Niño, em junho de 2023, terá como reflexo novos recordes de temperatura. “Os dados mostram claramente a importância de políticas de controle e combate ao desmatamento eficazes”, frisa Gatti.