metropoles.com

Emendas Pix: locais onde prefeitos tentam reeleição ganharam R$ 2,3 bi

Antes do período vedado pela legislação eleitoral, o governo federal realizou o pagamento de mais de R$ 4,5 bilhões em emendas Pix

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Urna eletrônica
1 de 1 Urna eletrônica - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Cidades em que os prefeitos disputam a reeleição receberam mais de R$ 2,3 bilhões em emendas parlamentares de transferência especial, as conhecidas “emendas Pix”. O mecanismo, que abasteceu o caixa das prefeituras às vésperas das eleições, alcançou um volume recorde de indicações ao Orçamento em ano eleitoral.

O governo federal turbinou o repasse antes do período de vedação eleitoral e pagou mais de R$ 4,5 bilhões em emendas de transferência especial neste ano. Desse total, são R$ 2,3 bilhões repassados a 1,7 mil prefeituras cujos líderes inscreveram candidaturas para disputar a reeleição.

O levantamento do Metrópoles cruza dados eleitorais disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com informações do portal orçamentário do Siga Brasil e do portal do Tesouro Transparente.

“Emenda Pix” é o nome dado à modalidade que permite a transferência direta de verbas da União aos estados e municípios, sem a necessidade de formalização prévia de convênios, apresentação de projetos ou aval técnico do governo federal. Embora o autor da emenda seja conhecido, o mecanismo é criticado pela falta de definição na forma como o recurso é utilizado.

O Metrópoles já destacou casos que envolvem conflitos no envio de emendas a redutos eleitorais. Reportagem publicada em junho retratou uma deputada federal que destinou 100% das emendas à cidade chefiada pelo marido, que disputará a reeleição. Outro caso é o do parlamentar que enviou emendas Pix à cidade que é comandada pela gestão da qual fez parte e que atualmente pleiteia um segundo mandato.

Possível uso eleitoral pode ser questionado

O advogado e professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV) Jean Menezes de Aguiar considera que o cidadão brasileiro tem o direito de se insurgir, no mínimo, com uma ideia de suspeição sobre o montante de emendas Pix repassado aos redutos em ano eleitoral. “Isso pode influenciar o resultado das eleições, seja para a direita ou para a esquerda”, reflete.

“Isto é algo que o Executivo e o Legislativo não deveriam fazer em época de eleição. Primeiramente porque isto está sendo feito com dinheiro público e, segundo, porque é um péssimo momento ético de suspeição de uso desse dinheiro público”, afirma.

Neste mês, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a execução de todas as emendas impositivas apresentadas pelos parlamentares ao Orçamento. A medida, que foi referendada pelo Plenário da Corte por unanimidade, também determinou que o Congresso edite regras que garantam transparência na transferência dos recursos.

A determinação também englobou as emendas Pix. Dino, na decisão, condicionou a execução da modalidade ao cumprimento dos requisitos constitucionais da transparência e da rastreabilidade e de fiscalização pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

A decisão abriu uma nova crise entre os poderes, uma vez que os membros do Legislativo não receberam bem a medida. A questão ainda levou o Executivo a entrar em campo, uma vez que é a principal parte interessada em conter o avanço do Congresso na fatia discricionária do Orçamento da União.

Em 20 de agosto, após reunião, o STF, o Congresso e o Planalto chegam a um acordo para manter emendas desde que respeitem critérios de transparência, rastreabilidade e correção.

Segundo nota divulgada após o encontro, as transferências especiais, conhecidas como emendas Pix, continuam a ser de pagamento obrigatório. No entanto, o objeto de cada repasse de verba deverá ser informado de forma antecipada, mediante prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União (TCU), e com prioridade para obras inacabadas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?