Embaixadores de Américas, Europa e Japão cobram “veemência” do Brasil
Embaixada alemã em Brasília uniu diplomatas e convocou jornalistas para passar ao governo brasileiro pedido de “condenação” a ataque russo
atualizado
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Nesta sexta-feira (25/2), dia em que uma resolução condenando o ataque russo à Ucrânia será votada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), embaixadores em serviço no Brasil convocaram a imprensa nacional para demonstrar incômodo com a posição do Brasil em relação ao conflito e pedir uma “condenação veemente”.
“Estamos passando uma mensagem muito clara ao governo brasileiro, que tem a responsabilidade grande, por estar membro do Conselho de Segurança”, afirmou o embaixador que representa a União Europeia, Ignacio Ybañez.
“Precisamos de uma condenação clara e unânime de todas as nações membros da ONU, incluindo o Brasil”, cobrou Heiko Thoms, embaixador da Alemanha e anfitrião do evento que ocorre no início da tarde de sexta, horas antes da votação.
“Esse não é só um problema europeu”, disse o embaixador japonês, Teiji Hayashi. “Se ignorarmos agora uma agressão como essa, no futuro, o mesmo pode ocorrer na Ásia ou na América Latina”, argumentou ele.
A reunião conta ainda com representantes diplomáticos em Brasília de Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e da própria Ucrânia. O embaixador do país atacado, Anatoly Tkach, agradeceu o apoio dos países que se opõem à guerra e recebeu a solidariedade dos colegas devido às perdas humanas no país.
Os Estados Unidos já haviam aberto, na quinta, essa pressão internacional sobre o Brasil.
Os embaixadores fizeram uma defesa das sanções econômicas que têm sido impostas à Rússia e ressaltaram a importância da união internacional em torno de princípios.
Incomoda a comunidade internacional a posição ambígua do Brasil até agora. O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, chegou a dizer, na quinta (24/2), que o país não estava neutro e condenava a invasão russa, mas foi desautorizado mais tarde pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
A posição do Brasil sobre a guerra não é de apoio aos russos, mas tem sido um pouco ambígua desde a visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia. Em 16 de fevereiro, o presidente brasileiro se reuniu com Putin em Moscou e disse que o Brasil era “solidário” ao país, que logo entraria em guerra.
Em nota divulgada no fim da manhã de quinta-feira sobre a invasão russa à Ucrânia, o Itamaraty informou que o Brasil acompanha “com grave preocupação” a deflagração das operações militares pela Rússia contra o país vizinho e pedia “suspensão imediata das hostilidades” na região.
Mais cedo, na quinta, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi mais duro e disse que o Brasil não concordava com a invasão russa
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia, então o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano, isso é uma realidade”, afirmou ele a jornalistas ao chegar a seu gabinete, no prédio anexo ao Palácio do Planalto.