Embaixador brasileiro no Mali é denunciado por assédio “escravocrata”
Grupo de 11 funcionários denunciou Eduardo de Ribas Guedes por assédio de “caráter escravocrata” e pediu sua remoção da embaixada no Mali
atualizado
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O embaixador Eduardo de Ribas Guedes foi denunciado por um grupo de 11 funcionários, sob a acusação de ter cometido assédio moral e de caráter escravocrata. Ribas Guedes é embaixador do Brasil no Mali, na África Ocidental. O grupo pede a expulsão do diplomata do país.
Segundo o documento, há dois anos, os funcionários são vítimas de “assédios, de gestos e propostas desumanas, degradantes, que ferem a honra e a dignidade e atos de caráter escravocrata”.
As denúncias foram encaminhadas ao Ministério do Trabalho e a outras duas autoridades correlatas do país, na quinta-feira (9/2).
Os funcionários relatam que, entre as exigências feitas por Eduardo de Ribas Guedes, consta a ordem de que “dois empregados da residência se ajoelhassem diante dele”. Ele também teria ofendido uma funcionária a chamando de “puta”, por causa da organização da sua agenda.
Eduardo de Ribas Guedes teria negado que um motorista fosse ao hospital para ajudar a filha doente; a menina acabou morrendo. Em outro momento, o embaixador também teria negado que outro motorista pudesse levar sua mulher grávida ao hospital.
“Licenças não previstas”
Em ambos os casos, a alegação do embaixador era que as licenças não estariam previstas na legislação trabalhista do país.
“No que diz respeito ao que está acima, os funcionários da embaixada vêm muito respeitosamente vos informar sobre a situação na qual vivemos dentro desta missão diplomática e solicitamos o seu apoio para acabar com o sofrimento deles”, afirma o texto.
O documento diz que o governo brasileiro foi informado sobre a situação e despachou uma missão de inspeção a Bamako, capital do país, para ouvir os denunciantes. O texto afirma que um procedimento disciplinar foi aberto em novembro de 2022 pelo Ministério das Relações Exteriores, logo depois da missão de outubro.
Ajustamento de conduta
Em nota enviada ao Metrópoles, o Itamaraty afirmou que o embaixador foi investigado em processo administrativo disciplinar, que resultou na assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), conforme orientação da Controladoria-Geral da União (CGU).
A pasta ainda observa que a investigação conduzida pelo Itamaraty baseou-se em “acusações de assédio moral, conduta incompatível com a moralidade administrativa, inobservância de normas legais e regulamentares e falta de urbanidade na repartição”.
“De acordo com o TAC assinado, o servidor será monitorado por dois anos e se compromete a não mais infringir nenhuma lei. Em caso de reincidência, o servidor será objeto de imediato processo administrativo disciplinar que considerará fatos pregressos como agravantes”, conclui a nota.