Em vídeo, assessor de Gabriel Monteiro orienta morador de rua a furtar
Homem teria recebido promessa de pagamento para furto encenado. Em outra gravação, Gabriel Monteiro orienta perguntas contra LGBTQIA+
atualizado
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Rio de Janeiro – Um funcionário do vereador Gabriel Monteiro (sem partido) orientou um morador de rua a furtar uma mulher, na Lapa, no Centro do Rio. Trata-se de mais uma denúncia de que o ex-PM teria criado narrativas falsas para vídeos de seu canal no YouTube.
Após a simulação do furto da bolsa de uma moça que estaria esperando um Uber, o suposto assaltante é abordado, de imediato, pelo parlamentar – sempre em frente às câmeras. Pouco tempo depois, um segurança de Monteiro, que chega a mostrar uma arma, empurra o “ladrão”, que cobra indignado o pagamento que lhe teria sido prometido.
No início da conversa, o assessor de Gabriel Monteiro orienta: “Aí tu vai pelo cantinho, ela não está nem vendo. Ela é autista, não vai nem se ligar”. Mas se recusa a efetuar o pagamento antes da ação. Depois, o vereador questiona: “Tu jogou essa bolsa ali para quê?”. O homem reivindica o acordo e é intimidado por segurança. Veja o vídeo:
Em outra gravação, Gabriel Monteiro aparece orientando um assessor, Rick, a fazer perguntas em tom difamatório sobre a população LGBTQIA+. “Vai numa construção disso: raiva de gay, gay não deveria existir, gay só faz m….”, diz ele, em um dos áudios. Ouça:
Os vídeos foram recebidos pelo deputado estadual Giovani Ratinho, do Pros, que pediu à Assembleia Legislativa (Alerj) apoio das Comissões de Direitos Humanos, da Mulher e de Segurança Pública para apurar o caso.
“Recebi as denúncias em meu gabinete avançado em São João de Meriti. Minha obrigação é investigar e denunciar esses atos. O vereador Gabriel Monteiro cria falsas narrativas simulando um assalto com um morador de rua em um dos vídeos. Também demonstra total desprezo e preconceito contra a população LGBTQIA+ no vídeo, proferindo palavra horrível que demonstra clara LGBTfobia”, afirmou o deputado.
Procurado, Gabriel Monteiro negou as acusações. “São experimentos sociais, um quadro difundido mundialmente em inúmeros canais na internet. Nós, visando desconstruir pensamentos e ideias preconceituosas, propomos uma situação em que as pessoas são testadas”, diz a nota.
“O intuito é sempre o mesmo, a conscientização da pessoa com a intervenção do Gabriel, que muitas vezes a auxilia a buscar um melhor caminho, bem como ser pedagógico para a sociedade em geral que assiste ao vídeo”. Ouça o áudio:
Outras acusações
O vereador Gabriel Monteiro está sendo acusado por ex-funcionário de assédio moral e sexual e de exploração e constrangimento infantil. Os casos são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
O deputado Giovani Ratinho também apresentou seis vídeos do vereador com menores na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). Em pelo menos três gravações, elas demonstram que não queriam ser gravadas.
O Conselho de Ética e Disciplina da Câmara de Vereadores vai se reunir com sete promotores do Ministério Público na próxima segunda-feira (4/4). Nesta quinta-feira (31/3), membros do órgão encontrarão com a delegada Gisele Espírito Santo, da Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam) de Jacarepaguá, para saber sobre a investigação.
Por enquanto, a entidade decidiu que não vai representar pela cassação do vereador até ter mais elementos sobre as investigações sobre os crimes, como assédio sexual e moral.