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Em vez de comemorar o golpe, temos que chorar os mortos, diz Doria

Governador de São Paulo criticou a carta do ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, que propôs celebrar o início da ditatura militar

atualizado

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Governador João Doria em entrega de novo lote da Coronavac
1 de 1 Governador João Doria em entrega de novo lote da Coronavac - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria, considerou “uma afronta” a carta do ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, que propõe uma celebração do golpe militar de 1964.

“Não temos nada a comemorar pelo golpe de 64, temos é que chorar os mortos e os que foram silenciados por esta ditadura militar aqui no Brasil”, disse, na manhã desta quarta-feira (31/3).

Visivelmente indignado, o governador continuou: “Muito triste depois de tantos anos termos manifestação dessa natureza”.

“O Brasil não tem nada a comemorar do golpe de 64. Temos é que chorar o golpe e trabalhar na resistência democrática para que o Estado de Direito não seja vilipendiado, agredido com manifestação desta natureza e outras que possam flertar com a ditadura e o autoritarismo”, destacou.

“Eu, como governador de São Paulo, estarei na trincheira com os brasileiros que querem a democracia e a liberdade”, completou.

Doria ressaltou que a ditadura vitimou e silenciou brasileiros. Relatório da Comissão Nacional da Verdade de 2014 indica que ao menos 434 pessoas morreram ou desapareceram durante o regime militar.

O governador deu a declaração ao ser questionado por uma jornalista.

Ele disse que não comentaria a mensagem do ministro em uma situação normal, mas que não poderia se “furtar de comentar como filho de um deputado cassado pelo golpe militar de 64, que viveu 10 anos no exílio”.

“Ordem do dia”

A carta a qual Doria se refere é a Ordem do Dia, publicada na terça-feira (30/3) no site do Ministério da Defesa.

O texto elogioso ao “movimento de 31 de março de 1964”, data em que militares tomaram o poder através de um golpe de estado, afirma que, na ocasião, as Forças Armadas assumiram a responsabilidade de pacificar e reorganizar o país para garantir as liberdades democráticas atuais.

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O presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro e vice-presidente Hamilton Mourão
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Ministro da Defesa, Walter Braga Netto
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Jair Bolsonaro e Braga Netto se cumprimentam durante cerimônia

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Ministro da Defesa, Walter Braga Netto

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General Augusto Heleno e Paulo Guedes, ministros de Bolsonaro

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Na opinião do general, “os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas”.

“O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, finaliza o texto.

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