Em uma semana, Zanin se reuniu com senadores de 7 siglas por apoio ao STF
Indicado por Lula ao STF, Zanin seguiu no “beija-mão” com senadores e tentou quebrar resistência de bolsonaristas
atualizado
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O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou os últimos dias antes da sabatina no Senado para fazer corpo a corpo com parlamentares. Na última semana, Zanin esteve com congressistas de 7 partidos, além de representantes da bancada evangélica e ex-aliados de Jair Bolsonaro (PL).
A sabatina do advogado está marcada para a próxima quarta-feira, dia 21 de junho. A relatoria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável pela primeira etapa do processo, ficou a cargo de Veneziano Vital do Rêgo (MPD-PB). O paraibano deu parecer favorável à indicação do ex-defensor de Lula na Lava Jato.
De olho em conquistar votos, o advogado perambulou pelos corredores do Senado. Zanin tenta garantir o apoio de ao menos 11 dos 21 membros titulares da CCJ e de 41 dos 81 senadores no plenário.
Beija-mão
Na segunda-feira (12/6), Zanin reuniu-se com os presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O advogado também se encontrou com Otto Alencar (BA), líder do PSD na Casa Alta. Logo após a reunião, o parlamentar baiano sinalizou apoio a Zanin. A bancada do PSD é a maior na Casa, com 15 senadores.
Zanin ainda realizou reuniões com congressistas da bancada evangélica, conservadora e feminina da Casa.
Entre os senadores que estiveram com o advogado, estão: Alessandro Vieira (PSDB-SE), Eduardo Braga (MDB-AM), Hiran (PP-AM), Lucas Barreto (PSD-AP), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Plínio Valério (PSDB-AM), Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), Fabiano Contarato (PT-ES), Jader Barbalho (MDB-PA), Nelsinho Trad (PSD-MS), Rogério Carvalho (PT-SE) e Wellington Fagundes (PL-MT).
Cristiano Zanin também almoçou, na última semana, com o presidente da bancada evangélica do Senado, Carlos Viana (Podemos-MG), e com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ex-presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso.
Bolsonaristas a favor
Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher no governo Bolsonaro, disse ter despertado “empatia” por Zanin após um encontro com o advogado. Ela esteve na reunião da bancada do seu partido com o indicado ao STF. Antes, disse que votaria contra a indicação.
“A reunião foi importante para que eu o conhecesse, para que ele também me conhecesse e um pouco de minhas causas. Gostei dele. Me despertou muita empatia. Mas ainda mantenho meu voto”, comentou a senadora ao colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente de Jair Bolsonaro, disse à colunista Bela Megale, do O Globo, que “discorda do processo” de indicação do ex-advogado de Lula, mas “não da pessoa”. Questionado se votaria a favor, ele se furtou a responder: “O voto é secreto”.
Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações do governo Bolsonaro, se encontrou nessa quinta-feira (15/6) com Zanin. Dos bolsonaristas, quem criticou mais abertamente o nome do indicado por Lula até o momento foi o ex-juiz Sergio Moro (União-SP).
Durante cada visita, Zanin tem entregado o seu currículo com a sua trajetória descrita ao longo de oito páginas.
Votação e perfil
Indicado pelo presidente Lula (PT) à Suprema Corte, Zanin ocupará a vaga do ex-ministro Ricardo Lewandowski, caso tenha o nome aprovado pelo Parlamento.
O advogado é o nono nome escolhido por Lula para o STF nos três mandatos do petista como presidente. Foram quase dois meses de espera até que o mandatário anunciasse a decisão. Isso porque a Corte está com uma cadeira vaga desde 11 de abril, quando Lewandowski se aposentou.
Zanin nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, em 1975. Quase duas décadas depois, em 1994, mudou-se para a capital, onde cursou direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Após se formar, em 1999, o advogado seguiu na universidade, onde fez especialização em direito processual civil. Além disso, foi professor de direito civil e direito processual na Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp).
Ele trabalhou em escritórios tradicionais da cidade, antes de abrir a própria empresa, em 2022, com a esposa, Valeska Martins. A mulher é filha de seu ex-sócio Roberto Teixeira, que se filiou ao PT em 1982 e trabalhou como advogado de Lula desde então. Teixeira é amigo do presidente e atuou na ação que permitiu ao petista acrescentar o apelido Lula ao sobrenome da família.
Em 2013, Zanin se tornou advogado de Lula e de sua família. Dados do acervo do STF mostram que, dos 135 processos impetrados por Zanin no tribunal, 81 são dedicados à defesa do, hoje, presidente da República e sete à família do petista.
Uma das primeiras ações que teve atuação de Zanin e ganhou repercussão na mídia foi a de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. “Meu cliente está cansado de ser vítima desse bullying eletrônico, feito com a manifesta intenção de atacar a sua honra”, disse Zanin à época, em 2013.