Em São Paulo, apoio a Bolsonaro divide grupos na Avenida Paulista
Grupos responsáveis pelo movimento em defesa do impeachment da ex-presidente Dilma não incluíram a defesa de Bolsonaro
atualizado
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Os grupos responsáveis pela mobilização da manifestação em defesa do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que ocorre neste domingo na Avenida Paulista, estão divididos quanto ao apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Organizadores preveem concentrações em 203 cidades do Brasil. Mais cedo, cidades como Rio de Janeiro, Belém do Pará e Brasília, além de Campinas e Ribeirão Preto, também tiveram atos.
Estacionado na esquina da Rua Peixoto Gomide com a Avenida Pauloista, o carro de som do “Nas Ruas” é o ponto de encontro mais “governista” do ato. Entre os oradores, estão o empresário Luciano Hang, dono da Havan, o senador Major Olímpio (PSL) e o cantor Latino, que chegou a cantar uma de suas músicas.
“Nós apoiamos o ministro Sérgio Moro, o pacote anticrime, e o governo Bolsonaro”, disse ao Estado Tomé Abduch, porta-voz do Nas Ruas. Ele também fez críticas à divulgação de suposto diálogos comprometedores entre o ex-juiz Sérgio Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato. “O Glenn [Greenwald] deveria estar preso, assim como o hacker. Há nesses vazamentos um direcionamento ideológico claro, já que o marido dele é deputado pelo PSOL, que é um partido comunista”.
Já os dois principais grupos responsáveis pelo movimento em defesa do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) – MBL e Vem Pra Rua – não incluíram a defesa de Bolsonaro entre as demandas levadas para a Av. Paulista neste domingo.
As duas organizações optaram por manter distância do Palácio do Planalto e adotaram uma agenda própria. Os manifestantes carregavam muitas faixas em defesa de Moro.
Houve um princípio de tumulto quando cerca de 20 integrantes do grupo Direita SP foi até o caminhão do MBL. Eles puxaram palavras de ordem atacando o Movimento Brasil Livre por não defender Jair Bolsonaro. O MBL foi chamado de “traidor” e “pelego”. A PM agiu para separar os grupos.
“A gente não puxa o saco do Bolsonaro e somos críticos ao Governo”, disse Renato Battista, coordenador nacional do MBL
Um boneco inflável do ministro foi erguido ao lado do carro do “Nas Ruas”, grupo que foi fundado pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
A manifestação ocupa o trecho, neste momento, entre a Rua Peixoto Gomide e a Fiesp, na Avenida Paulista.
O público é menor do que nas manifestações anteriores.
Rio
No Rio, o ato ocupa cerca de seis quadras da Avenida Atlântica, em Copacabana, desde um pouco antes das 10h. O protesto tem oito carros de som, dois guindastes com grandes bandeiras do Brasil e palavras de ordem contra o STF, o Congresso e o PT.
Patrocinado pelos mesmos movimentos que estavam ao lado de Bolsonaro na campanha eleitoral – MBL, Vem pra rua e Endireita Brasil -, o manifesto nascido pra apoiar o ministro da Justiça, Sergio Moro, acusado pelo site The Intercept Brasil de abuso de poder na Operação Lava Jato, tem, no Rio de Janeiro como uma das trilhas sonoras o MC Reaça, que se suicidou após espancar a amante, revezando espaço com o Hino Nacional e as palavras de ordem como “O STF é uma vergonha” , “Rodrigo Maia se acha 1º ministro”, “Fora PT e a velha política”.
A presença de carros de som e de integrantes do movimento MBL na manifestação, no entanto, está sendo criticada por boa parte dos apoiadores do ex-juiz e chegou a causar um pequeno tumulto que precisou da intervenção da polícia.
Apesar de rapidamente solucionado, o clima contra o MBL é tenso e eleitores do Bolsonaro que não fazem parte do movimento fazem questão de gritar “traidores” e “vendidos” ao passar pelos carros de som patrocinados pelo movimento antes liderado pelo hoje deputado federal Kim Kataguiri.
De acordo com um dos coordenadores do MBL, Carlos Eduardo Moraes, o evento ficará parado e tem por objetivo chamar também a atenção para a necessidade da aprovação da Reforma da Previdência, além de apoio ao decreto das armas e a redução da maioridade penal. A previsão é de que o evento dure pelo menos toda a manhã, segundo Moraes.
Brasília
Em Brasília, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL-SP), participaram dos atos.
O ministro afirmou que os “esquedopatas e derrotistas” erraram sobre a provisão do encontro do G-20 e que o presidente Jair Bolsonaro saiu “homenageado” do Japão, onde ocorreu o encontro da cúpula.
É a primeira vez que um membro do primeiro escalão do governo participa diretamente de atos pró-governo desde que Bolsonaro assumiu a Presidência.
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) comemorou a presença do ministro Augusto Heleno no ato. Ela classificou a adesão popular ao ato como significativa e disse que as manifestações ajudam a pressionar o Congresso.
“É um bom recado do povo ao Congresso. Um sinal que a população quer a aprovação da reforma da Previdência”, disse.
Os atos em Brasília terminaram por volta das 13h. A Polícia Militar não divulgou a estimativa de público.
Pará
Em Belém do Pará, os manistantes Pró-Moro se concentram na avenida Nazaré, área central da capital paraense, desde as 8 horas. O protesto foi organizado pelos movimentos Direita Jovem Pará, Endireita Pará e Vem pra Rua.
Os organizadores esperam reunir 10 mil pessoas, mas ainda não há dados oficiais sobre o público presente até o momento. A intenção é caminhar até a avenida Doca de Souza Franco, área nobre da cidade.
Minas
A defesa do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e críticas ao Congresso Nacional predominaram neste domingo, 30, na manifestação a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul da capital mineira. Aparentemente, o número de participantes no ato foi inferior ao do anterior, realizado em 26 de maio. A Polícia Militar do Estado não divulga estimativa de participantes em manifestações públicas na cidade.
A advogada Kátia Borba disse ter ido à praça para defender a Operação Lava-Jato, o pacote anti-crime e, sobretudo, o juiz Moro. “O ministro é patrimônio nacional. O Bolsonaro já falou. O que fez pelo Brasil não tem preço”.