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Em redes de direita, Bolsonaro é tratado como vítima após ameaçar repórter

Fake news sobre o jornalista ter ofendido o presidente estão sendo usadas para justificar sua atitude agressiva no último fim de semana

atualizado

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Foto de jair Bolsonaro, com imagens sobrepostas dele
1 de 1 Foto de jair Bolsonaro, com imagens sobrepostas dele - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em sites bolsonaristas, bolhas das redes sociais e nos grupos de WhatsApp dedicados a apoiar Jair Bolsonaro, o presidente não sofreu críticas por ter dito a um jornalista que tinha vontade de lhe “encher a boca de porrada”. Para a militância mais fiel, o chefe do Executivo foi, na verdade, uma vítima na história, que seria uma armação esquerdista para desestabilizá-lo.

Em redes monitoradas pelo Metrópoles, esse versão foi sustentada por um relato distorcido dos acontecimentos da tarde do último domingo (23/8) na Catedral de Brasília. A principal notícia falsa que circulou diz respeito a uma suposta provocação que teria sido feita pelo repórter e motivado a reação desproporcional de Bolsonaro.

Segundo a fake news, o jornalista teria dito “vamos visitar sua filha na prisão”, mas os registros da cena são claros em mostrar que se trata de alguém convidando o presidente a visitar a “feirinha da Catedral”, que vende artesanato. Bolsonaro tem apenas uma filha, Laura, que tem 9 anos.

A versão não chegou a ser compartilhada pelas estrelas  da militância bolsonarista nas redes. Entre perfis mais influentes, apenas o economista e comentarista político Rodrigo Constantino divulgou a história. Mas bastou a chancela do colunista de veículos como a rádio Jovem Pan para dar força ao boato em outros ambientes.

Reportagens em veículos de imprensa e agências de checagem foram publicadas ao longo da segunda (24/8), mas, nos grupos de WhatsApp acompanhados pela reportagem, os desmentidos não acompanharam as mensagens com a falsa versão.

Veja exemplos da movimentação nas redes de direita bolsonarista neste início de semana:

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O economista Rodrigo Constantino repercutiu o boato e foi um dos grandes responsáveis por sua popularização
Os vídeos foram compartilhados nos grupos bolsonaristas
Notícias falsas sobre alvos como o Supremo Tribunal Federal também reapareceram
Na versão das redes bolsonaristas, o presidente é a vítima do episódio
Notícias falsas sobre alvos como o Supremo Tribunal Federal também reapareceram
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Versão mentirosa foi tema de vídeos em canais bolsonaristas no YouTube

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O economista Rodrigo Constantino repercutiu o boato e foi um dos grandes responsáveis por sua popularização

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Os vídeos foram compartilhados nos grupos bolsonaristas

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Notícias falsas sobre alvos como o Supremo Tribunal Federal também reapareceram

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Na versão das redes bolsonaristas, o presidente é a vítima do episódio

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Notícias falsas sobre alvos como o Supremo Tribunal Federal também reapareceram

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Veja a narrativa repassada em grupos bolsonaristas

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Textos publicados em sites alinhados ao presidente também foram parar nos grupos de WhatsApp

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Há uma fake news que envolve o médium João de Deus em um esquema de corrupção de menores com ministros do STF. A Corte é alvo preferencial da militância de extrema-direita

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Versão falsa foi apresentada em vários formatos

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Versão falsa foi apresentada em vários formatos

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Trending

O serviço Gooogle Trends, da empresa de busca, registrou um aumento nas pesquisas sobre “visitar sua filha na prisão”. Segundo o Google, o pico de interesse foi às 14h44 de segunda, horário em que os grupos bolsonaristas estavam compartilhando bastante material e vídeos sobre o assunto estavam sendo postados no YouTube (mas em canais obscuros). Veja o gráfico:

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Interesse na pesquisa “visitar sua filha na prisão” nos registros do Google entre domingo (23/8) e segunda (24/8)
Mas e o Queiroz?

Em comum na resposta da militância bolsonarista a essa crise nas redes está a completa falta de interesse em pedir uma resposta para a pergunta que os adversários estão fazendo: por que o ex-assessor da família Bolsonaro Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama?

A informação sobre os depósitos foi revelada pela revista Crusoé. A reportagem teve acesso à quebra de sigilo bancário do ex-assessor que mostram que foram depositados 21 cheques na conta de Michelle, entre 2011 e 2016.

Em sites de linha editorial bolsonarista, o questionamento foi tratado “perguntinha mequetrefe”, e a viralização, que registrou mil postagens por minuto segundo o pesquisador Fábio Malini, foi tratada como “relincho coletivo”.

A crise começou com a ameaça do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal O Globo. O mandatário da República visitava a Catedral de Brasília quando foi questionado pelo jornalista sobre os pagamentos feitos à primeira-dama. Irritado, o presidente respondeu: “Minha vontade é encher tua boca na porrada, tá?”.

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