Em ligação, Henry Borel questionou Monique: “Mãe, eu te atrapalho?”
Menino de 4 anos, morto em 8 de março, ligou para a mãe em fevereiro e contou que havia sofrido agressões do padrasto, Dr. Jairinho
atualizado
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A professora Monique Medeiros foi avisada pelo filho, Henry Borel, de 4 anos, morto em 8 de março, que vinha sofrendo agressões do vereador Dr. Jairinho (sem partido), em uma videochamada. No momento da ligação, ela estava em um salão de beleza, e a criança chegou a questionar se atrapalhava a mãe.
Uma das profissionais que atendeu Monique no salão e presenciou a conversa prestou depoimento à 16ª Delegacia de Polícia, na Barra da Tijuca (RJ), na quarta-feira (14/4). Segundo a mulher, o menino contou da briga com o padrasto e pediu que a mãe voltasse para casa.
Em seguida, Monique teria ligado para Jairinho e, aos berros, o repreendeu por seu comportamento com o filho.
A profissional disse que atendeu Monique por volta de 16h30 de 12 de fevereiro. No momento, ela conversava com o filho.
De acordo com o depoimento, ao qual o Metrópoles teve acesso, Henry questionou: “Mamãe, eu te atrapalho?”. E completou: “Mamãe, o tio disse que eu te atrapalho”.
A docente, segundo a cabelereira, teria respondido que não, de forma alguma, e Henry pediu: “Mamãe, vem pra casa”. E continuou: “O tio bateu” ou “O tio brigou”. A profissional alegou não se lembrar da frase exata.
Ainda de acordo com a funcionária do salão, neste momento, a babá Thayna de Oliveira filmou o menino mancando. Monique questionou o motivo, mas não entendeu a resposta da cuidadora da criança.
A cabeleireira disse à polícia que a professora estava “um pouco agitada” e, ao terminar de fazer as unhas, fez ou recebeu uma chamada telefônica: “Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha, porque ele não me atrapalha em nada”.
“Você não vai mandar ela embora, porque se ela for embora, eu vou junto. Porque ela cuida muito bem do meu filho. Ela não fez fofoca nenhuma. Quem me contou foi ele”, completou Monique ao telefone.
A profissional afirmou que o interlocutor, que seria Jairinho, disse “algo”, ao que Monique respondeu: “Quebra, pode quebrar tudo. Você já está acostumado a fazer isso”.
Ao encerrar a chamada, Monique perguntou à cabeleireira se havia algum lugar no shopping que vendesse câmeras, sendo informada sobre uma loja de eletrodomésticos.
O salão é o mesmo que Monique esteve um dia após a morte de Henry Borel.
Caso Henry Borel
O menino Henry Borel Medeiros morreu no dia 8 de março ao dar entrada em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo Leniel Borel, pai de Henry, ele e o filho passaram o fim de semana juntos.
Por volta das 19h do dia 7, o pai o levou de volta para casa em que o garoto morava com a mãe, Monique Medeiros da Costa e Silva de Almeida, e o vereador e médico Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho.