Em giro pelo Nordeste, Lula dá tom de comício a discursos e ataca adversários
Em viagem para Bahia e Ceará, Lula prioriza eventos para grandes públicos, bate forte em adversários e anuncia ações que atingem muita gente
atualizado
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dado prioridade neste primeiro ano de mandato à política externa, com muitas viagens estratégicas para o exterior e a ambição de influenciar no fim da Guerra da Ucrânia. Essa escolha deixa a política interna relativamente desprotegida (como indica a dificuldade de o governo consolidar uma base no Congresso) e o entorno do presidente busca fazer esforços concentrados para balancear essa equação de tempos em tempos.
É o que está acontecendo nesta semana, com Lula fazendo um giro pelo Nordeste que privilegia eventos com grande público, onde o petista aproveita para buscar um aumento em sua popularidade fazendo discursos em tom de comício eleitoral, com afagos a seus apoiadores e pancada nos adversários.
Foi o que se viu em Salvador (BA) nesta quinta (11/5), onde, na Arena Fonte Nova, o presidente usou a maior parte de seu discurso para fazer política e citou de maneira periférica o tema do evento: uma ação para que cidadãos opinem sobre as prioridades orçamentárias do governo.
Cercado de aliados, Lula valorizou a força eleitoral do PT na Bahia e agradeceu aos aos eleitores: “Eu devo à Bahia muita gratidão porque em toda eleição na Bahia eu ganhei no primeiro turno”, disse o presidente, que ainda se referiu ao adversário ACM Neto (União Brasil) como “Grampinho” e chamou de “fascistas” e “maus-caracteres” empresário do agronegócio paulistas que desconvidaram seu ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, de uma feira patrocinada pelo governo federal e receberam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Veja:
Lula diz que quem desconvidou ministro da Agrishow é “fascista, negacionista e mau-caráter”.
“A agricultura brasileira não é só isso”, afirmou o presidente durante evento em Salvador. pic.twitter.com/pTXn13uK0k
— Metrópoles (@Metropoles) May 11, 2023
O tom de comício deve ser repetido por Lula nesta sexta (12/5), em sua primeira visita ao Ceará neste mandato. Além de Fortaleza, Lula deve visitar a cidade de Crato, no interior do estado, e anunciar ações de governo que impactam uma grande quantidade de pessoas.
Na capital cearense, Lula deve assinar a lei que prevê R$ 7,3 bilhões em recursos para bancar o novo piso salarial da enfermagem e lançar o programa Escolas de Tempo Integral, que vai destinar R$ 4 bilhões a estados e municípios para que eles aumentem a oferta desse tipo de matrícula. A expectativa é oferecer escola em período integral para mais um milhão de estudantes pelo país.
No Crato, Lula vai falar sobre uma questão que tem grande demanda: creches públicas. Além de inaugurar uma delas, o presidente vai anunciar a retomada de obras paradas de equipamentos da educação básica.
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Nas duas viagens, Lula estará acompanhado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, que é ex-governador do Ceará, e pelo atual chefe do Executivo estadual, Elmano de Freitas (PT).
Problemas em casa
Quando voltar da viagem ao Nordeste, Lula voltará a enfrentar o clima politicamente duro em Brasília e tentar ajudar seus articuladores a destravar os nós no Congresso. Para isso, o governo está abrindo a torneira de liberações de emendas e de nomeações de indicados políticos.
Ministros palacianos como Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Rui Costa, da Casa Civil, foram instruídos pelo presidente a acelerarem a distribuição de benesses e a fazer corpo a corpo com líderes partidários para evitar que o governo enfrente mais derrotas que coloquem em risco até mesmo o maior objetivo do semestre: a aprovação do novo arcabouço fiscal.
Lula e seus aliados contam com essa aprovação para conseguir baixar os juros impostos pelo Banco Central e destravar a economia, o que é visto dentro do governo como a maneira de aumentar os índices de aprovação de Lula e dar fôlego para sua administração.
No final da próxima semana, apesar desses problemas em casa, Lula embarca em nova viagem internacional, dessa vez para o Japão, onde participará como convidado da reunião anual do G7, grupo de países mais ricos do mundo.