Em ensaio, Paraíso do Tuiuti distribui laranjas na Marques de Sapucaí
A escola que levou o “vampirão” com faixa presidencial à avenida, neste ano levará um bode, no enredo “O Salvador da Pátria”
atualizado
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A contar pelo ensaio técnico da Escola de Samba Paraíso Tuiuti, realizado na noite de domingo (24/2), na Marques de Sapucaí, no Rio de Janeiro, a família do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) e seu partido, estarão literalmente na avenida.
A escola de São Cristóvão, bairro da zona norte do Rio, apresentou uma comissão de frente vestida de laranja, oferecendo laranjas aos que assistiam ao ensaio. As fantasias fazem referência aos casos publicados recentemente de que o assessor de Flávio Bolsonaro, Fabricio Queiroz, teria negócios suspeitos do suposto esquema envolvendo candidaturas laranja do PSL nos estados
A performance não é a mesma que será exibida no desfile oficial, mas o tom crítico que rendeu à Tuiuti o vice-campeonato em 2018 deve prevalecer.
A evolução dos integrantes da Comissão de Frente apresentou homens engravatados, bailarinas com roupas e perucas laranja e um homem vestido de bode. Enquanto se apresentavam, eles lançavam laranjas para o público.
A escola ganhou bastante notoriedade no ano passado, com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”. Ela levou para a avenida o “vampirão” com faixa presidencial para a avenida, o que provocou reações da Presidência da República, então ocupada por Michel Temer (MDB), que enviou emissários ao desfile para impedir que a faixa fosse usada pelo destaque.
Neste ano, o enredo “O Salvador da Pátria” remete à literatura de cordel que conta a história de um bode cearense e mantém o tom de crítica subliminar à política.
Confira a letra do samba-enredo da Paraíso do Tuiuti:
Samba Enredo 2019 – O Salvador da Pátria
G.R.E.S Paraíso do Tuiuti
O meu bode tem cabelo na venta
O Tuiuti me representa
Meu Paraíso escolheu o Ceará
Vou bodejar lá iá lá iá
Vendeu-se o Brasil num palanque da praça
E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça
Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue
E o homem servil verteu lágrimas de sangue
Do nada um bode vindo lá do interior
Destino pobre, nordestino sonhador
Vazou da fome, retirante ao Deus dará
Soprou as chamas do dragão do mar
Passava o dia ruminando poesia
Batendo cascos no calor dos mafuás
Bafo de bode perfumando a boemia
Levou no colo Iracema até o cais
Com luxo não! Chão de capim!
Nasceu muderna Fortaleza pro bichim
Pega na viola, diz um verso pra iô iô
O salvador! O salvador! (da pátria)
Ora meu patrão!
Vida de gado desse povo tão marcado
Não precisa de dotô
Quando clareou o resultado
Tava o bode ali sentado
Aclamado o vencedor
Nem berrar, berrou, sequer assumiu
Isso aqui iô iô é um pouquinho de Brasil