Em desabafo, mãe diz que médica gritou com filho autista em consulta
Em desabafo publicado nas redes sociais, a mãe da criança afirmou que a situação foi “muito dolorida”. Caso aconteceu em Goiânia (GO)
atualizado
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Goiânia – Por meio das redes sociais, a mãe atípica Josiene Barros fez depoimento denunciando uma situação, que, segundo ela, foi muito “dolorida”. Mãe de um menino diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista), de 5 anos, ela relatou que o filho foi maltratado por uma médica, durante uma consulta.
Conforme o depoimento da mãe, a médica oftalmologista Juliane Paranhos gritou com a criança dentro do consultório. “Gravo esse vídeo com muito rancor, desabafo, até quando uma mãe vai viver a ansiedade de como vai tratar seu filho, até quando? Até quando vão entender que autismo não é birra? Até quando vamos viver essa luta?”, disse a mãe do garoto.
Veja o vídeo:
Menino estava agitado
Ao Metrópoles, Josiene relatou que a consulta médica estava marcada para as 11h30 de terça-feira (6/2), no entanto, o filho só foi atendido cerca de uma hora depois. “Para quem tem autismo, essa é uma longa espera”, disse a mãe.
Segundo ela, a consulta não era o primeiro contato com o médica. De acordo com Josiene, ela já foi atendida por Juliane Paranhos há alguns anos e, no caso do filho, aquele já era um segundo encontro, pois ela faria a entrega de exames. O menino está com suspeita de ceratocone, uma doença rara, da qual a profissional é especialista.
“Eu recebi indicação de um médico de confiança para levar o meu filho nessa profissional. Eu já havia me consultado com ela por um plano de saúde, só que ela parou de atender pelo plano, mas diante dessa suspeita, voltamos lá. Na primeira consulta, que foi até rápida, ela viu o olhinho dele, eu levei alguns exames, mas ela pediu outros. E ele é tranquilo, ele é verbal, então eles até estabeleceram um diálogo, ele deixou ela examinar”, disse a mãe.
Josiene contou que um dos exames indicados pela médica, que foi realizado em outro local, a criança não permitiu que fosse realizado, pois era preciso um “sopro” no olho, e ele se assustava, exemplificando o comportamento do menino.
Segundo a mãe, ao entrar no consultório, o menino disse: “Oi doutora, tudo bem? Não vai doer não, né?”, e a profissional respondeu que não. De acordo com ela, em razão da demora, o menino já estava “agoniado” para ir embora e durante o atendimento se sentou em uma cadeira que tinha uma alavanca, que foi descoberta por ele, e que fazia um certo barulho.
Ainda conforme o relato de Josiene, pouco depois disso, o garoto se sentou na cama de atendimento e ficou batendo os pés na escada que dava acesso ao local. Ela disse que, apesar de inquieto, o menino não estava chorando, gritando ou correndo, mas chegou a pedir calma à criança.
Tratamento inadequado
Foi nesse momento que a médica gritou com a criança. “Ela deu um grito alto com o meu filho. Disse que se ele não ficasse quieto, não seria possível examiná-lo. Eu fiquei paralisada, em choque. Eu olhava para ela, e ela estava tremendo. Sabe quando você fica sem reação? Depois eu perguntei se ela sabia que ele era autista e ela disse que sim”, disse Josiene.
“Ela disse que também tem um irmão autista e eu falei que ela não sabia lidar com a situação. Eu peguei os exames da mesa dela e disse que ia procurar um outro profissional que soubesse tratar o filho devidamente”, afirmou a mãe. “A senhora vai aprender a lidar com essas crianças”, disse a mãe ao sair do consultório.
Chateada e ofendida com a situação, Josiene disse que vai procurar ajuda jurídica e tomar outras medidas contra a profissional.
Pedido de desculpas
De acordo com Josiene, ainda no dia da consulta, a médica ligou para ela e pediu desculpas pela situação.
“Ela me pediu desculpas pelo ocorrido, que meu filho deixa alegria por onde passa, que ele é lindo e alegre, que ele era bem-vindo no hospital para que o exame pudesse ser analisado corretamente”, disse ela. Mas a mãe disse que se depender dela, a família não voltará mais ao estabelecimento.
Ainda de acordo com ela, o comportamento da médica seria inadmissível com qualquer paciente, especialmente, com uma criança autista.
O Metrópoles entrou em contato com o Hospital da Visão, onde a situação ocorreu, pedindo contato com a profissional. Porém, o telefone da médica não foi informado. A administração da unidade de saúde disse ainda que enviaria uma nota ao portal, mas até o fechamento desta reportagem, não houve retorno. O espaço segue aberto.