Em depoimento à CPI, Pazuello disse que não negociou vacinas; veja
“Dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa”, declarou o ex-ministro da Saúde na CPI da Covid-19
atualizado
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A gravação divulgada nesta sexta-feira (16/07) contradiz o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid-19 em maio deste ano. Na ocasião, o general negou ter se reunido com a Pfizer para negociar doses da vacina por ser o “dirigente máximo” da pasta. Pazuello disse entender que o acordo deveria ser feito pelo “administrativo, não o ministro”.
O vídeo revelado pelo jornal Folha de S. Paulo mostra que o ex-ministro da Saúde negociou com intermediadores a compra de 30 milhões de doses da Coronavac pelo triplo do preço praticado pelo Instituto Butantan.
Durante o depoimento à CPI, Pazuello foi questionado pelo relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a razão pela qual ele não liderou a resposta brasileira à Pfizer, ao que o ex-ministro respondeu: “Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. O ministro jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso”.
Veja a declaração de Pazuello durante o depoimento e, em seguida, o vídeo que veio a público nesta sexta:
Um vídeo revelado hoje pela @folha desmente uma declaração do ex-ministro Eduardo Pazuello na CPI da Covid.
Aos senadores, Pazuello disse que “o ministro não pode receber e negociar com empresas”, mas nas imagens ele recebe e fala da negociação com empresários.
🎥: @SamPancher pic.twitter.com/YdDUcPq1aI
— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) July 16, 2021
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), entretanto, declarou que a agenda do ex-ministro mostrava que ele teve reuniões com a diretoria da Pfizer e da Janssen, contradizendo a afirmação de que ele, como ministro, não poderia receber uma empresa.
Encontro com empresários para comprar a Coronavac
Os imunizantes foram oferecidos ao governo pelo preço de 28 dólares por dose, quase o triplo do valor comercializado pelo Instituto Butantan (10 dólares). A negociação foi feita com a empresa World Brands, de Santa Catarina. A reunião aconteceu no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco.
Um dos assessores de Pazuello teria o alertado de que a proposta era incomum, acima do preço, e a companhia poderia não ser representante oficial da fabricante da vacina.
No vídeo, o então ministro diz que assinou um memorando de entendimento para a compra. Entretanto, a negociação não foi finalizada.