Em debate, Boulos e França se estranham sobre legado de Luiza Erundina
“Foi falado sobre a melhor prefeita de São Paulo. Aqui, a comparação é mais fácil porque não teve muitas mulheres prefeitas”, afirmou França
atualizado
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São Paulo – Bruno Covas (PSDB), Guilherme Boulos (PSol) e Márcio França (PSB), os três candidatos que melhor têm pontuado nas pesquisas de intenções de votos, participaram, nesta quinta-feira (05/11), de debate temático promovido pela revista Veja, mediado pelo jornalista Raul Juste Loures. Segundo Loures, o candidato Celso Russomanno (Republicanos) “não pode ou não quis comparecer”.
Respondendo questões diretamente do jornalista, os candidatos fizeram dribles retóricos para ataques indiretos, a maioria para o atual prefeito Bruno Covas, principalmente por sua relação com o governador João Doria. Boulos, França e Russomanno apostam no voto anti-Doria para garantir a vaga no segundo turno.
Com frequência, Boulos cita o legado de Luiza Erundina quando prefeita, sempre qualificando a deputada federal como “a melhor prefeita que São Paulo já teve”. Márcio França discordou.
“Foi falado sobre a melhor prefeita de São Paulo. Aqui a comparação é mais fácil porque não teve muitas mulheres prefeitas”, afirmou Márcio França.
“Quando eu disse que a Luiza Erundina foi a melhor prefeita da cidade de São Paulo é porque que ela fez o melhor governo da cidade de São Paulo, seja [entre prefeitos] homens, seja [entre prefeitas] mulheres. Foi o melhor governo que essa cidade já teve, eu tenho convicção disso”, disse Boulos, em resposta à França.
Propostas
Farpas de lado, os candidatos apresentaram propostas para resolver a situação dos paulistanos sem-teto e para proteger áreas de preservação ambiental da cidade.
Bruno Covas defendeu a sua gestão para as pessoas em situação de rua. “Das 24 mil vagas, transformamos 4 mil vagas de abrigos de 16h em vagas 24h. Estamos, aos poucos, desmobilizando grandes abrigos com 100 pessoas num mesmo dormitório, priorizando quartos menores. Nós dobramos as equipes de consultórios nas ruas”, afirmou.
Márcio França disse que “mudaria praticamente tudo” na gestão feita por Covas. O candidato afirmou que para resolver o problema, São Paulo precisa de “experiência”. Ele reapresentou a promessa de acabar com o problema em apenas 90 dias, por meio de convênios com hotéis e pensões. “Temos a obrigação de tratar isso com um imediatismo diferente”, afirmou.
Boulos disse que a descrição de Covas sobre o problema “parece uma realidade paralela”. O candidato disse que os abrigos atuais são “depósito de gente” e criticou o orçamento destinado à assistência social. O candidato quer substituir os albergues por casas que abrigariam famílias e grupos até 25 pessoas, assistidas por assistentes sociais e psicólogas. Além disso, quer ofertar trabalho na zeladoria da Prefeitura.
Ocupações
Em relação a ocupações da população em áreas de mananciais, como nas regiões de Billings e Guarapiranga, Covas e França, em diferentes momentos, lamentaram os estímulos dados à população que faz isso, em alusão a carreira de ativista de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
Bruno Covas enfatizou que quer ampliar operações que integram Guarda Civil Metropolitana e Polícia Ambiental para coibir o assentamento de moradias em regiões protegidas, além de combater o que ele chamou de “crime organizado”. Em paralelo a isso, o prefeito quer fazer a regularização fundiária e construir unidades habitacionais em outros pontos da cidade.
Guilherme Boulos disse que ocupações em áreas protegidas não devem ser estimuladas, mas que a “população não faz isso por opção” e que a situação deve ser enfrentada com política habitacional.
Tanto Boulos quanto França apresentam proposta parecida: oferecer à população a requalificação de prédios abandonados no centro. Ambos também querem promover a construção de moradias através da disponibilização de espaço e recursos para a construção, sem o intermédio de empreiteiras.