Em cúpula, Lula critica a ONU: “Precisa voltar a ter força política”
Lula fez um discurso duro na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, e bateu também no Banco Mundial e no FMI
atualizado
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Em seu discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, que reúne chefes de Estado de todo o mundo em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou nem a Organização das Nações Unidas (ONU). Ao falar de preservação da Amazônia e a situação dos pobres no mundo, o petista afirmou que o órgão “precisa voltar a ter representatividade”.
Não é a primeira vez que o presidente brasileiro volta seu discurso contra a ONU. No G7, no Japão, em maio, Lula pediu reforma no Conselho de Segurança na ONU. Em abril, em visita à Espanha, o mandatário criticou o papel do órgão na resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.
“É importante que a gente tenha noção de que a gente não pode continuar com as instituições funcionando de maneira equivocada. Mesmo o Conselho Nacional de Segurança da ONU. Os membros permanentes não representam mais a realidade política de 2023. Se representava em 1945, em 2023 é preciso mudar. A ONU precisa voltar a ter representatividade. A ter força política”, afirmou Lula na manhã desta sexta-feira (23/6), para líderes do mundo inteiro.
Na opinião de Lula, falta a prática dos compromissos feitos entre nações, o que demonstra a falta de força da ONU. “Vamos ser francos:. quem é que cumpriu o Protocolo de Kyoto? A Cop15 em Copenhagen? O acordo de paris? Não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”, disparou Lula.
“Se cada um de nós sair de uma COP e voltar para aprovar as coisas dentro do nosso Estado Nacional, nós não iremos aprovar. Então é preciso ter clareza que se nós não mudarmos as instituições, o mundo vai continuar o mesmo. Quem é rico vai continuar rico, quem é pobre vai continuar pobre. É assim. E falo isso com pesar”.
Crítica também a instituições financeiras
Lula continuou suas críticas às instituições financeiras mundiais, especificamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Na opinião do presidente brasileiro, os dois órgãos deixam “muito a desejar naquilo que o mundo aspira” deles.
“Muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e o dinheiro emprestado é o resultado da falência do Estado”, apontou.
E citou o exemplo da Argentina. “Da forma mais irresponsável do mundo, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares para um senhor que era presidente [referindo-se ao ex-presidente argentino Mauricio Macri]. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro, e a Argentina está hoje em uma situação econômica muito difícil porque não tem dólar para pagar o FMI”, afirmou.
Lula vai se reunir com Alberto Fernandez, atual presidente argentino, na segunda-feira (26/6), em Brasília. Será o quinto encontro entre os dois desde janeiro e, mais uma vez, o assunto deve ser a crise financeira vivida pelo país vizinho.
A cúpula tem o objetivo de discutir o sistema financeiro internacional e a redução de desigualdades. Na ocasião, temas como o combate às mudanças climáticas e a preservação do meio ambiente, provavelmente, serão abordados.
Agenda na Europa
O presidente Lula cumpre, nesta sexta (23/6), o seu último dia de agendas na Europa. Esta é a terceira viagem do petista ao continente no terceiro mandato, iniciado em janeiro.
Após a participação na cúpula econômica pela manhã, o mandatário brasileiro será recebido pelo presidente Emmanuel Macron, para um almoço de trabalho no Palácio Eliseu, residência oficial do líder francês em Paris.
Durante a tarde no horário local, ele tem um audiência com o presidente do Naval Group, Pierre-Eric Pommellet; e um encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Depois, se reúne com o presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso. À noite, ele será recebido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud.
Lula desembarcou na França nessa quinta-feira (22/6). Em Paris, ele discursou em um festival de música e defendeu que países ricos financiem a preservação de florestas como a Amazônia. Nesta sexta, além da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, ele participou de uma reunião bilateral com o presidente francês Emmanuel Macron.
Antes de viajar para a França, o brasileiro esteve na Itália, onde se reuniu com lideranças locais, com o presidente do país, Sergio Mattarella, e com o Papa Francisco.