Em Cúpula do Brics, Lula volta a defender “moeda comum” para o bloco
Presidente Lula está em Joanesburgo para a 15ª Cúpula do Brics. Nesta terça (22/8), os líderes de países-membros também participam de retiro
atualizado
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Em discurso no Fórum Econômico do Brics, na África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, nesta terça-feira (22/8), a adoção de uma moeda comum para transações financeiras do bloco, com objetivo de reduzir a dependência do dólar no comércio entre as nações emergentes.
O mandatário brasileiro justificou a medida como forma de garantir a retomada dos investimentos, além de garantir “mais credibilidade, previsibilidade e estabilidade jurídica para o setor privado”.
Além disso, Lula frisou que a “adoção de uma unidade de conta de referência para comércio” dentro do Brics “não substituirá nossas moedas nacionais”.
A declaração faz parte do discurso do presidente brasileiro durante a primeira agenda oficial de líderes na 15ª Cúpula do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O encontro ocorre em Joanesburgo, capital do país sul-africano.
O mandatário defendeu ainda o fortalecimento do Banco do Brics, atualmente chefiado pela ex-presidente Dilma Rousseff: “A decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento representou um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes”.
Ele também afirmou que o Brics ultrapassou o G7. “Respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra”.
Veja como foi o discurso:
Fim da hegemonia do dólar
Esta não é a primeira vez que o petista defende a adoção de uma moeda para transações regionais. A proposta também é uma medida estudada dentro do Mercosul, grupo sul-americano formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A redução da dependência em relação à moeda norte-americana é uma pauta defendida pela China, com apoio de Lula, especialmente neste terceiro mandato.
Em meio à guerra na Ucrânia, a Rússia de Putin também se beneficiaria do fim da dependência do comércio global em relação ao dólar.
Entenda o que é a “moeda do Mercosul” discutida por Brasil e Argentina
A chamada nova governança mundial, princípio basilar do grupo e pilar da política externa do presidente Lula, representa a busca por uma nova ordem mundial multipolar, mais equitativa.
Ou seja, uma reforma no contexto global marcado pela hegemonia dos Estados Unidos e da União Europeia.
Agenda na África
O fórum empresarial é a primeira agenda oficial dos chefes de Estado e governo no evento. Em seguida, os líderes das nações do Brics participarão de um encontro em formato de retiro, com a participação apenas dos respectivos ministros das Relações Exteriores.
Na quarta-feira (23/8), ocorrerá a reunião de cúpula entre os líderes do bloco, em duas sessões.
No dia seguinte, na última etapa do evento, haverá o encontro estendido com os países-membros do Brics e cerca de 40 países convidados, em sua maioria, chefes de Estado e governo de nações interessadas em ingressar no bloco, vindos da África, da América do Sul, do Caribe e da Ásia.