Em carta, vizinho pede a jovem para deixar de usar “roupas vulgares”
“Aqui mora pessoas casadas e de várias religiões [sic]”, escreveu o morador do condomínio, que disse ser um “pai de família”
atualizado
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Uma jovem de 22 anos recebeu uma carta anônima, escrita à mão por um “pai de família”, pedindo para ela deixar de usar “roupas vulgares” no condomínio onde mora, em Maringá, 428 quilômetros a oeste de Curitiba, no Paraná.
O bilhete foi deixado debaixo da porta de Ana Paula Benatti (foto em destaque) na sexta-feira (7/5). A jovem compartilhou o conteúdo da carta em uma rede social.
“Gostaríamos que tivesse o pudor e decência de usar roupas adequadas nas dependências do condomínio. Aqui mora pessoas casadas e de várias religiões, e a senhora não está tendo o respeito usando roupas vulgar [sic]”, diz a carta.
“Não sei de onde veio, mais aqui mora gente de família. Então, por favor, dá-se o respeito, porque eu, como homem e pai de família, fiquei com vergonha de estar com minha filha e a senhora quase nua lá fora [sic]”, prossegue.
Por fim, o remetente avisa que, se Ana Paula não mudar o jeito de se portar, ele irá conversar com a dona do apartamento.
Veja a carta:
Ao compartilhar o bilhete, a jovem disse se tratar de assédio e injúria. “Crimes morais. Estou totalmente abalada com o ocorrido. Tomarei as providências cabíveis”, assinalou.
Segundo o portal Uol Notícias, o caso foi denunciado nessa terça-feira (11/5) em um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Paraná (PCPR).
Ana Paula afirma não saber com qual roupa especificamente o homem se incomodou, mas acredita que tenha sido um short e uma blusa. “Independentemente do que eu vestir, devo ser respeitada”, disse ao Uol.
Caso no Sudoeste
Situação semelhante ocorreu no Sudoeste, no Distrito Federal, em março deste ano. A estudante de odontologia Najhara de Mello, 36 anos, recebeu uma mensagem sobre o mesmo assunto.
Vizinhas notificaram a moradora do Sudoeste por “vestuário inapropriado”. O texto foi enviado por e-mail e acusava Najhara de causar “constrangimento entre casais”. A mensagem era assinada por um suposto “Conselho de Mulheres do Edifício”.
“Quando vi aquilo, eu não acreditei. Fiquei chocada e me sentindo invadida. Mesmo que eu andasse com roupas tão curtas, como foi sugerido, – coisa que, de fato, não ocorre – , é direito meu. Eu não desrespeito ninguém”, afirmou a estudante à época.