Em carta, acusado da morte de Ariane diz sofrer na prisão: “Desespero”
“Tenho tido casos de surtos psicóticos e depressivos”, escreveu ele; Jeferson afirmou que sofre investidas de reeducandos e policiais
atualizado
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Goiânia – Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 22 anos, acusado de matar junto com amigos a jovem Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, na capital goiana, escreveu uma carta de próprio punho e encaminhou ao juiz do caso, Jesseir Coelho de Alcântara.
No relato, o rapaz solicita proteção para a família, diz que está depressivo e pede para estudar e trabalhar. Preso, ele afirma no texto, anexado ao processo, que tem sofrido investidas de reeducandos e de policiais. “Estou no ápice do desespero”, lamenta ele.
“Quero pedir desculpas por vir por meio dessa carta aduzir minha situação. Tenho tido casos de surtos psicóticos e depressivos. Tive um surto que quase cortei meu olho”, escreveu Jeferson.
“Me desculpa por qualquer desagrado sobre esta carta, não queria fazer isso, pois sinto que ‘tô’ diminuindo muita gente e me fazendo especial, garanto que isso não me faz nada bem, mas não ‘tô’ aguentando mais, sinto que estou me perdendo”, relatou.
A jovem foi morta a facadas por quatro amigos dentro de um carro e depois abandonada em uma mata. Segundo a Polícia Civil, a moça acabou assassinada porque uma amiga queria saber se era psicopata e, para isso, precisava matar uma pessoa para avaliar a reação após o crime.
Sanidade mental
Durante interrogatório dos acusados, em fevereiro deste ano, o juiz Jesseir Coelho suspendeu o julgamento para a realização de exames de sanidade mental dos colegas da vítima. Por isso, o juízo pôde ser postergado em, pelo menos, 90 dias. O jovem será avaliado por psiquiatra, que vai diagnosticar se ele tem alguma doença mental.
Jeferson conta na carta que trabalha no posto de saúde do presídio e que o serviço o fez sonhar com a profissão de enfermeiro e médico. Ele não pede para sair da prisão, explica que não quer ser especial, mas afirma que sofre “investidas” de reeducandos e policiais.
Por meio de nota, a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária informou que até esta sexta-feira (22/4) não recebeu nenhuma denúncia sobre o preso. No entanto, o órgão disse que, se for notificado, “o fato será devidamente apurado e eventuais providências serão tomadas”.
Crime
O corpo da jovem, de 18 anos, foi encontrado em uma mata do Setor Jaó, coberto por pedras e entulho de obras, em 31 de agosto do ano passado. Antes disso, Ariane ficou sete dias desaparecida. No dia em que sumiu, ela enviou um áudio para a mãe avisando que ia se encontrar com as amigas.
“As meninas me chamaram para comer lá no Jaó. Elas vão me buscar de carro, mãe. Aí eu vou, né? Vai pagar a comida, me buscar de carro e me deixar em casa, sou besta?”, disse a jovem, feliz por sair com conhecidos.
As investigações da Polícia Civil apontaram que os três suspeitos chamaram a vítima para lanchar dizendo que a buscariam em casa e a levariam de volta após o passeio.
No entanto, a corporação apurou que o grupo planejou o crime no dia anterior, tendo feito até uma lista de possíveis alvos e escolhendo Ariane por ela ser pequena e, teoricamente, fácil de segurar caso resistisse.
Jeferson Cavalcante Rodrigues, 22, Enzo Jacomini Carneiro Matos, 18, e Raíssa Nunes Borges, 19, são acusados de matar a garota a facadas.