Em campanha, Temer vincula impopularidade à crise de governos passados
Sem menções ao impeachment de Dilma, o governo Temer afirma ter sido necessário “assumir esse pepino”
atualizado
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O Palácio do Planalto estreou nesta terça-feira (19/6), nova campanha publicitária na qual vincula a impopularidade do presidente Michel Temer (MDB) ao cansaço da população por causa da crise econômica provocada por governos passados, sem citar o PT e a ex-presidente Dilma Rousseff, de quem Temer era vice-presidente. O governo usa atores para afirmar que o Brasil estava “no caos”, com números comparáveis ao de um país “em guerra”.
Sobre as cobranças por resultados econômicos melhores e impactos de medidas do governo, como a redução do desemprego, a propaganda oficial aposta na resolução futura: “A maioria dessas mudanças feitas pelo governo, isso é fato, só vão ser sentidas lá na frente.”
“A coisa foi muito séria, gente. Por isso, todo mundo fica irritado e impaciente mesmo, porque já está todo mundo cansado com todos esses anos de crise. Era uma batata quente de um lado para o outro, mas alguém devia resolver mesmo com o perigo da tal da impopularidade”, relata o ator.
“Mesmo com todos os críticos, inclusive os responsáveis por quebrar o país, alguém devia pegar essa batata quente. O rombo era gigante, a população estressada, tudo mundo queria uma solução rápida, mas, surpresa: em economia não existe solução mágica, gente. As coisas são feitas para corrigir o rumo, mas algumas vezes elas vão demorar um pouquinho até chegar na gente.”
Com recorde de 82% de desaprovação, conforme a última pesquisa Datafolha, o governo Temer reconhece estar “todo mundo irritado, com raiva mesmo”. “Raiva de tudo, raiva de todos e no final das contas sobra para todo mundo”, diz o texto da peça publicitária.
As propagandas, divulgadas nas redes sociais da Presidência da República, começam com um apelo para quem “está aí reclamando do governo” a assistir à argumentação do Planalto, interpretada por um homem e uma mulher, em cenas simulando “depoimentos” sentados dentro de suas casas em frente à câmera. O tom é de uma conversa.
“Já temos vários números excelentes no país. A inflação, por exemplo, é a menor da nossa história, o juro a mesma coisa. Tem recorde nas exportações, na colheita, na Bolsa de Valores. Já são mais de dois milhões de postos de trabalho criados. Sim, mas ainda faltam milhões”, diz um dos atores.
“É preciso entender que a gente só vai sentir os efeitos depois por isso, esse governo sempre se colocou como uma ponte, já sabia ser uma tarefa inglória, passível de levar pedrada de todo o canto, que seria impopular mesmo, pois uma ponte propõe te tirar da lama e te levar para um lugar legal. Ela não é um lugar legal em si, mas sem ela não dá para chegar do outro lado. O problema é a gente só enxergar isso depois de atravessa-la.”