metropoles.com

Em 2 meses de greve, docentes não foram recebidos por nenhum ministro

Entidades que representam a categoria de docentes de universidades e institutos federais reclamam da falta de deferência do governo Lula

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Eline Luz/Imprensa ANDES-SN
Docentes protestam contra proposta de reajuste salarial - Metrópoles
1 de 1 Docentes protestam contra proposta de reajuste salarial - Metrópoles - Foto: Eline Luz/Imprensa ANDES-SN

Em dois meses de greve, docentes de universidades e institutos federais se queixam de não terem sido recebidos por nenhum ministro de Estado do governo Lula (PT). As demandas foram direcionadas aos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Camilo Santana (Educação).

As duas entidades que representam a categoria — o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e a Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) — não conseguiram ter audiências com os titulares das pastas envolvidas nas negociações.

“Nenhum ministro atendeu a gente e essa é uma das nossas reivindicações, das nossas críticas também, inclusive ministros professores”, criticou Jennifer Susan Webb, primeira tesoureira do Andes.

Além de Haddad, que é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), a ministra Esther Dweck também é professora universitária, vinculada ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É a pasta de Dweck que conduz os acordos com os servidores, por meio de mesas de negociação.

Haddad foi ministro da Educação nos primeiros governos Lula e permaneceu no posto até o início da gestão Dilma (entre 2005-2012). Na terça-feira (18/6) passada, a direção do Andes foi recebida na sede do Ministério da Fazenda pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.

Foram debatidas a campanha salarial do Andes — especialmente a contraproposta que traz um índice de correção ainda para 2024 — e a recomposição do orçamento nas instituições federais. O Andes afirmou que o secretário não conseguiu dar resposta sobre a questão da pauta salarial e sinalizou a defesa da proposta do governo como aquilo que é possível fazer nesse momento.

Ainda segundo o sindicato, o secretário não fez questionamentos sobre a greve da educação pública federal e mostrou desconhecimento sobre o movimento.

A Proifes também não conseguiu conversar com nenhum ministro neste ano, tendo sido recebida por Camilo Santana no ano passado, antes da deflagração do movimento grevista. Também não houve audiência com a titular da Gestão. “A gente tentou várias conversas com a Esther, com o próprio Camilo Santana”, informou Flávio Silva, vice-presidente da federação.

Quem é o ex-sindicalista que Lula escalou para negociar com servidores

O principal escalado para tocar as negociações é o secretário de Relações do Trabalho, José Lopez Feijóo, do MGI. Com ele, trabalham, por exemplo, o secretário de Gestão de Pessoas , José Celso Cardoso Jr., o secretário-executivo-adjunto do MEC, Gregório Grisa, o secretário de Educação Superior, Alexandre Brasil, e o secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Marcelo Bregagnoli.

Greve

A greve das carreiras do Magistério Superior (MS) — que são os professores universitários — e do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) — os docentes de institutos federais — recém completou dois meses, em 15 de junho. Segundo o Andes, a paralisação atinge 62 instituições federais de ensino.

Na semana passada, o governo Lula fez um novo sinal aos docentes e propôs, por intermédio do Ministério da Educação (MEC), mexer com a carga horária e o registro de ponto eletrônico do EBTT, que contempla os professores dos institutos federais, mediante a revogação da Portaria nº 983/2020, editada pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

A revogação da portaria de carga horária será imediata, mas condicionada à assinatura do acordo — que, até agora, só teve concordância de uma categoria docente, a Proifes. O Termo de Acordo foi assinado no dia 27 de maio.

Outro item que contemplou os professores das federais foi a destinação de R$ 5,5 bilhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para centros e hospitais universitários, anunciada pelo próprio presidente da República no começo da semana passada.

Universidades e institutos federais terão até sexta-feira (21/6) para fazerem suas assembleias e deliberar sobre o acordo com o governo federal e o fim da greve docente. No domingo (23/6), a direção do Andes deverá reunir os resultados dessas assembleias.

O que dizem os ministros

As quatro pastas foram procuradas pelo Metrópoles para responder as críticas feitas pelas entidades. A Fazenda informou que, “no âmbito do governo federal, a pasta responsável pelo diálogo com as entidades sindicais dos servidores, incluindo as de docentes, é o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). A pasta também é responsável pelas mesas de negociação nas quais são debatidas as demandas de servidores”.

A Fazenda ainda reforçou que, na última terça-feira, o secretário de Política Econômica representou o Ministério da Fazenda em reunião com dirigentes da Andes, “seguindo a política de diálogo e respeito às entidades representativas”.

O Ministério do Planejamento e Orçamento atestou o recebimento de um pedido de reunião assinado pelos comandos de greve de três entidades (Andes, Fasubra e Sinasefe), mas disse entender que “todo diálogo com os servidores sobre remuneração e greve é conduzido pelo MGI”.

O MGI, por sua vez, disse que a Secretaria de Relações de Trabalho, vinculada ao ministério, possui como atribuição, designada pela ministra da Gestão, a condução do diálogo com os servidores públicos federais na Mesa Nacional de Negociação Permanente e demais mesas setoriais, específicas e temporárias.

“Liderada pelo secretário José Lopez Feijóo, com o apoio de seu corpo técnico, a SRT é a área competente para as tratativas desta natureza com as diversas entidades representativas dos servidores. Neste momento estão abertas 40 mesas de negociação”, afirmou a pasta em resposta à reportagem.

“Todas as reivindicações das categorias e propostas apresentadas pela SRT são acompanhadas e validadas pela ministra e demais áreas do governo federal , para oferecer aos servidores – qualquer que seja a categoria – a melhor alternativa possível dentro das limitações orçamentárias e da estratégia de fortalecimento do serviço público federal de forma justa e permanente”, completou.

O Ministério da Gestão ainda lembrou que no final de março, já dentro da agenda de trabalho da mesa setorial da educação, a ministra da Gestão recebeu, junto com o ministro Camilo Santana, representantes das universidades e demais instituições de ensino, além das entidades sindicais, na ocasião da entrega do relatório final do Grupo de Trabalho que debateu a reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE).

O MEC não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?