Em 11 anos, estabelecimentos que usam agrotóxicos crescem 20%
Censo Agro, do IBGE, revela ainda que 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever
atualizado
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O número de propriedades rurais que admitem usar agrotóxicos aumentou 20,4% nos últimos 11 anos. Em 2017, cerca de 1,7 milhão (33%) de fazendas declararam aplicar agrotóxicos nas lavouras — superior aos 1,4 milhão de 2006. Os dados são do Censo Agro, divulgado nesta sexta-feira (25/10/2019) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na série histórica dos censos agropecuários, esse número variou bastante. Em 1980, alcançou o ponto mais alto, com quase 2 milhões (38%) de estabelecimentos que afirmaram usar os produtos químicos.
De acordo com o gerente técnico do Censo Agro, Antonio Carlos Florido, a queda entre 1985 e 2006 pode ser justificada pela mudança trazida pela Lei Federal 7.802 de 1989, que alterou a nomenclatura de “defensivos agrícolas” para “agrotóxicos”.
“É mais fácil dizer que usou defensivo do que agrotóxicos, que é um nome mais agressivo”, afirmou Florido. Segundo o especialista do IBGE, o mais preocupante é o modo como o agrotóxico é usado.
A liberação de agrotóxicos sob o governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem sido alvo de críticas e ambientalistas. Em 2019, foram registrados 382 pesticidas; no ano passado foram 450.
A pesquisa revela que 15,6% dos produtores que usaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever. Desses, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica.
Dos produtores alfabetizados que utilizam agrotóxicos, 69,6% têm no máximo o ensino fundamental. Entre eles, apenas 30,6% declararam ter recebido orientação técnica a respeito da aplicação do produto.
“Essa informação é mais grave do que o total de agrotóxicos. Uma pessoa que não sabe ler e escrever e que não recebeu orientação técnica, em quais condições aplicava esse agrotóxico?”, questionou Florido.