Eleições: governadores de direita levam a melhor e antecipam 2026
Presidenciáveis Tarcísio, Caiado e Ratinho Jr. elegeram aliados nas capitais dos estados que chefiam e se fortalecem para o pleito de 2026
atualizado
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Governadores do campo da direita tiveram mais sucesso em apoios nas Eleições Municipais de 2024 do que aqueles vinculados à esquerda. Além de elegerem um número maior de prefeitos, seus aliados também vão governar capitais e cidades maiores do país. Em todo o pleito, o PL elegeu quatro capitais: Cuiabá (MT), Maceió (AL), Rio Branco (AC) e Aracaju (SE). Em outras, aliados venceram.
Principal padrinho político de Ricardo Nunes (MDB) na campanha à reeleição, o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), se sagrou como principal vencedor ao apoiar o prefeito da capital paulista, mesmo com a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que indicou o vice de Nunes, mas adotou postura distante ao longo da campanha. O emedebista derrotou o candidato apoiado pelo PT, Guilherme Boulos (PSol), em segundo turno, por uma diferença de mais de 1 milhão de votos (59,35% a 40,65%).
Outros chefes de Executivos locais de direita, mas não bolsonarista, também obtiveram conquistas importantes. Foi o caso do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que elegeu Sandro Mabel (União) prefeito da capital Goiânia e Leandro Vilela (MDB) em Aparecida de Goiânia, segundo maior município do estado. Em ambas as cidades, os aliados de Caiado derrotaram candidatos do PL de Bolsonaro — Fred Rodrigues, na capital, e Professor Alcides, em Aparecida.
No Paraná, Ratinho Júnior (PSD), um dos nomes mais elogiados pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab, conseguiu a vitória do hoje vice-prefeito Eduardo Pimentel, também do PSD. Pimentel derrotou a bolsonarista Cristina Graeml, do nanico PRTB, que recebeu o apoio informal de Bolsonaro, apesar de seu partido estar na coligação do PSD.
Essas vitórias de nomes da direita mais moderados que Bolsonaro os fortalece para 2026, quando o ex-presidente seguirá impedido de concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a menos que sua inelegibilidade seja revertida, cenário hoje visto como improvável por observadores políticos.
Tarcísio conta com o apoio de Bolsonaro, de quem foi ministro durante o governo dele (2019-2022). Já Caiado tenta se colocar como uma direita independente e descolada do bolsonarismo. Ratinho Júnior tem o peso do PSD, um dos partidos mais vitoriosos desse pleito.
Em Santa Catarina, o bolsonarista Jorginho Mello (PL), fiel aliado de Bolsonaro, assistiu à vitória de Topázio (PSD) ainda em primeiro turno. O Partido Liberal compôs a coligação dele.
Em Campo Grande (MS), o governador Eduardo Riedel (PSDB) apoiou a vencedora, Adriana Lopes (PP), que derrotou Rose Modesto (União). Riedel está em seu primeiro mandato no governo sul-mato-grossense e ainda é pouco conhecido nacionalmente.
Já em Cuiabá (MT), Abilio Brunini (PL) foi eleito prefeito em segundo turno, desbancando o candidato do PT, Lúdio Cabral. Após o candidato do União não avançar, no segundo turno o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, declarou apoio a Brunini.
Rio Branco (AC) reelegeu Tião Bocalom (PL) em 6 de outubro, ainda no primeiro turno, com 54,82% dos votos válidos. A vitória dele foi creditada principalmente ao atual governador do estado, Gladson Cameli (PP), que o apoiou. Em segundo mandato no governo acreano, Gladson mira uma das duas vagas ao Senado que estarão em disputa em 2026 e fazer seu sucessor no Palácio Rio Branco.
Na capital do maior estado da região Norte, o Amazonas, o atual prefeito David Almeida (União) foi reeleito com apoio do governador do estado, Wilson Lima, também do União. Ele derrotou Capitão Alberto Neto, do PL.
O partido de Bolsonaro também elegeu no último domingo Emília Correa como prefeita de Aracaju (SE). Apesar de não ser da ala bolsonarista da legenda, ela ganhou do candidato do PDT na disputa, Luiz Roberto, e expande a influência do ex-presidente para o Nordeste, região que tradicionalmente é reduto de Lula e do PT.
Direita também sofreu derrotas
Outro expoente da direita e virtual presidenciável, Romeu Zema (Novo), que está em seu segundo mandato à frente do governo de Minas Gerais, teve uma derrota dupla: perdeu no primeiro turno ao declarar apoio a Mauro Tramonte (Republicanos), que amargou um terceiro lugar e, no segundo turno, ao optar pelo bolsonarista raiz Bruno Engler (PL).
Saiu vitorioso na capital mineira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), que capitaneou a vitória de Fuad Noman, seu correligionário.
No Recife, foi reeleito com 78,11% dos votos o prefeito João Campos (PSB), que teve apoio do PT de Lula e que disputou contra o ex-ministro do Turismo de Bolsonaro Gilson Machado (PL). O candidato da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), era Daniel Coelho, do PSD, que terminou a disputa na quarta posição, atrás do PT, do PL e do PSol, reunindo apenas 3,21% dos votos.
Outro tucano, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, também não elegeu a candidata apoiada por seu partido, Juliana Brizola (PDT), na capital Porto Alegre. O segundo turno ficou entre o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), e a deputada federal Maria do Rosário (PT). Melo acabou levando.
O PL de Bolsonaro não elegeu o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga em João Pessoa (PB). Foi reeleito o prefeito Cícero Lucena, que tinha o apoio do governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB). Lucena, inclusive, é do PP, o mesmo partido do ministro do Esporte de Lula, André Fufuca.
Esquerda teve vitórias, mas em número menor
Alguns dos principais aliados de Lula, os governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), e do Ceará, Elmano de Freitas (PT), elegeram, respectivamente, Igor Normando (MDB) em Belém, e Evandro Leitão (PT) em Fortaleza. Ambos derrotaram postulantes do PL: Delegado Éder Mauro (PA) e André Fernandes (CE).
Na capital paraense, a vitória de um aliado era estratégica porque a cidade vai sediar, em 2025, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será palco para o governo Lula divulgar sua agenda ambiental e atrair investimentos.
A sorte não foi a mesma para a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que assistiu à derrota de Natália Bonavides (PT) para Paulinho Freire (União).
Em São Luís (MA), a esquerda também sofreu derrota. O atual prefeito, Eduardo Braide (PSD), teve uma vitória tranquila em primeiro turno, com ampla vantagem para o segundo colocado, deputado federal Duarte Junior (PSB), apoiado pelo governador do Maranhão, Carlos Brandão.
Um segundo governador pessebista, Renato Casagrande, do Espírito Santo, não fez apoio claro na capital Vitória, mas recomendou voto em João Coser (PT) ou Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). Eles foram derrotados pelo direitista Lorenzo Pazolini (Republicanos) em 6 de outubro.
Em Alagoas, o governador Paulo Dantas (MDB), que é mais próximo de Lula que de Bolsonaro, não conseguiu eleger seu candidato à prefeitura de Maceió.
O atual prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, foi reeleito em primeiro turno com 83,25% dos votos. O candidato do governador, Rafael Brito (MDB), obteve 12,74% dos votos.