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Vulnerabilidades em urnas citadas em vídeo de 2014 já foram corrigidas

É falso que TSE não testou segurança das urnas para eleições de 2022 ou que vulnerabilidades encontradas em 2012 ainda não foram corrigidas

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida da colaboração Check-Br - Foto: Reprodução/Comprova

É falso que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não testou a segurança das urnas para as eleições de 2022 ou que as vulnerabilidades encontradas no sistema em 2012 ainda não foram corrigidas, como afirmam postagens (veja aqui).

A alegação enganosa se baseia em um vídeo gravado em 2014 em que Diego Aranha, professor assistente de segurança de sistemas na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, anuncia o projeto Você Fiscal, mas os problemas citados por ele na gravação já foram sanados pela Justiça Eleitoral.

As postagens enganosas circulam principalmente no Twitter, onde acumulam mais de 2 mil compartilhamentos, e também no WhatsApp, rede em que não é possível estimar o alcance.

O vídeo circula fora de contexto para sugerir que há vulnerabilidades nas urnas e que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não realizou testes públicos de verificação de segurança para o pleito de 2022. Os problemas verificados por Aranha foram corrigidos posteriormente, e o último Teste Público de Segurança (TPS) foi realizado em novembro de 2021.

O ano de 2014 não é mencionado no vídeo, mas há indícios de que a gravação foi feita naquela época: a expressão “eleições 2014” aparece no minuto 1’41’’ e aos 35 minutos (veja abaixo):

Reprodução/You Tube
Imagem utilizada em checagem do Aos Fatos

Em 2012, Aranha, que à época atuava como professor da Universidade de Brasília (UnB), comandou uma equipe que encontrou uma vulnerabilidade no sigilo do voto garantido pelo Registro Digital do Voto (RDV), espécie de tabela que registra aleatoriamente os votos computados pelos eleitores. Ao Aos Fatos, o especialista confirmou neste sábado (1º/10) que as vulnerabilidades foram corrigidas, o que também está no texto publicado pelo TSE que detalha melhorias no sistema.

De fato, o tribunal não realizou o TPS em 2014, mas em 2012 e 2016. Diferente do que sugerem as postagens, foi feito um teste para o pleito de 2022 entre os dias 22 e 26 de novembro de 2021. O relatório final foi divulgado em março deste ano. O documento aponta melhorias em subsistemas e componentes do sistema eleitoral, mas não indica vulnerabilidades semelhantes às verificadas em 2012.

Além dessas alegações, Aranha ainda afirma no vídeo que “nem os programas nem os resultados são diretamente auditáveis pela sociedade”. Questionado pelo Aos Fatos, ele se corrigiu e disse que a fase de transmissão/totalização dos resultados é plenamente auditável pela sociedade. As fases anteriores, que envolvem o software de votação, “continuam com limitações importantes de transparência”.

De acordo com o TSE, há diversas formas de auditar os resultados de uma eleição, como o RDV, o log das urnas, as auditorias pré e pós-eleição, a verificação dos códigos-fonte, a lacração dos sistemas, o lacre físico das urnas, a identificação biométrica do eleitor, e a oficialização dos sistemas.

Criado em 2014 com a proposta de fiscalizar o resultado das eleições por meio da análise de fotos dos Boletins de Urna (BUs) enviados por usuários, o Você Fiscal funcionou durante o pleito daquele ano e foi desativado após as eleições de 2016. Atualmente, os eleitores podem fiscalizar os resultados através do aplicativo Boletim na Mão, do próprio TSE, que faz a leitura do QR Code disponível no boletim impresso pela urna da seção eleitoral.

Repercussão

Apesar de ter sido excluído do YouTube quando o projeto foi desativado, o vídeo de apresentação do Você Fiscal voltou a circular neste sábado (1º/10) em pelo menos 19 grupos de WhatsApp e 23 no Telegram monitorados pelo Radar Aos Fatos. Outras correntes ainda compartilharam o link para o site antigo do projeto, acompanhado de um texto que ataca a Justiça Eleitoral. “TSE Vergonha Nacional”, diz a corrente compartilhada em quatro comunidades.

O vídeo descontextualizado também circulou nas redes durante as eleições de 2018, quando foi compartilhado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). À época, o TSE divulgou uma nota afirmando que o projeto havia sido desativado.

Referências:

1. TSE (123456 e 7)
2. Justiça Eleitoral
3. Twitter (@bolsonarosp)

Neste fim de semana, o Aos Fatos se uniu às iniciativas de checagem AFP Checamos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Fato ou Fake e Lupa para verificar em conjunto a desinformação sobre as eleições.

Sete organizações de checagem, incluindo o Comprova, do qual o Metrópoles faz parte, reeditam coalizão de 2018 para verificar conteúdos suspeitos sobre a eleição no final de semana do primeiro turno. Todas as checagens publicadas e republicadas pelas organizações serão marcadas nas redes sociais com a hashtag #CheckBR, de modo a facilitar a busca por informações confiáveis sobre o pleito.

Esta checagem foi realizada pelo Aos Fatos.

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