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Veja o que os presidenciáveis propõem para o meio ambiente

Em ano com recordes de queimadas e de desmatamento na Amazônia, candidatos apresentam medidas para tentar conter as mudanças climáticas

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desmatamento na amazônia
1 de 1 desmatamento na amazônia - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Propostas para preservação do meio ambiente e redução das mudanças climáticas, em especial relacionadas à Amazônia, aparecem nos planos de governos de todos os candidatos à Presidência da República. Entretanto, apesar de os postulantes tocarem com mais frequência nesses assuntos em 2022 do que no último pleito, não há detalhamento sobre como as medidas vão ajudar a proteger o ambiente e mitigar os problemas climáticos.

O Metrópoles conversou com o diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em ciência política, Fabiano Toni, e com o professor universitário e cientista político Gabriel Petter sobre as sugestões dos presidenciáveis.

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Para Toni, é necessário analisar com cautela as propostas dos candidatos. O professor avalia que entre todos os programas de governo apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só os dos candidatos Léo Péricles (UP), Vera Lúcia (PSTU), e Sofia Manzano (PCB) têm medidas efetivas para preservação do meio ambiente.

“Acho que o documento mais sincero desse ponto de vista é o da candidata Soraya Thronicke (União Brasil), que claramente poderia ser o programa do governo Bolsonaro sem nenhuma dúvida”, diz o professor da UnB.

Toni ressalta, também, que as propostas apresentadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não citam o desmatamento ilegal nem tocam em questões relacionadas aos grandes produtores de alimentos.

Ele também classificou o plano do candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, de uma “grande decepção”.

“O Ciro Gomes dá grande decepção. Um programa muito fraco, muito raso, muito especial, fala mais de energia do que meio ambiente. Uma visão convencional de expansão de combustíveis fósseis, aumento da nossa capacidade de refino pela Petrobras”, destaca o professor da UnB.

O cientista político Gabriel Petter declara que a política ambiental do presidente Bolsonaro é bastante ambígua, “parece tentar se equilibrar entre as demandas internacionais e os interesses do agronegócio brasileiro”.

Dos 11 candidatos a presidente, quatro não falam sobre desmatamento e queimadas. São eles: José Maria Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Padre Kelmon (PTB) e Vera Lúcia (PSTU).

Veja como cada candidato trata o meio ambiente em seu programa de governo:

Lula (PT)

No plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ele defende a sustentabilidade social, ambiental, econômica e o enfrentamento das mudanças climáticas. No documento, o candidato afirma que “vamos combater o uso predatório dos recursos naturais e estimular as atividades econômicas com menor impacto ecológico”.

Entre as propostas apresentadas pelo ex-presidente Lula ele reafirma o compromisso com as instituições federais de fiscalização e controle como o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai). Além disso, o candidato ataca o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a sua posição referente às pastas ligadas ao meio ambiente que “foram desrespeitadas e sucateadas por práticas recorrentes de assédio moral e institucional”.

Jair Bolsonaro (PL)

Nas propostas apresentadas pelo atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, defende a preservação do meio ambiente em harmonia com o desenvolvimento sustentável em conjunto com a inclusão social.

Deve apoiar e participar de todas as iniciativas julgadas coerentes, realistas e socioeconomicamente viáveis para contribuir para o futuro do planeta”, defende o texto apresentado pelo candidato à reeleição.

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal
Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos
Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior
O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão
Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo
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A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018

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De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal

Igo Estrela/Metrópoles
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Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos

Igo Estrela/Metrópoles
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Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior

Fábio Vieira/Metrópoles
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O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão

Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC
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Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo

Fábio Vieira/Metrópoles
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Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais

Fotos Igo Estrela/Metrópoles
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Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais

Reprodução
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Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente

Agência Brasil
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No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil

Agência Brasil
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Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica

Lourival Sant’Anna/Agência Estado
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Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500

Agência Brasil
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Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

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Desmatamento na Amazônia

Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images

 

Ciro Gomes (PDT)

No documento apresentado pelo pedetista, o candidato defende a integração da agropecuária, realizada sobretudo na Amazônia, associada a preservação da floresta e a geração de empregos para as populações.

“Será necessário envolver a população local em atividades econômicas que sejam rentáveis e sustentáveis a eles, mas que excluam a derrubada da floresta”, defende o texto apresentado.

Simone Tebet (MDB)

Uma das medidas apresentadas pela presidenciável propõe, assim como o candidato pedetista, o desenvolvimento sustentável em conjunto com a agropecuária brasileira. A candidata do MDB declara, também, a necessidade de combater o destamanento ilegal com total rigor e adoção das práticas de Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, ESG) durante o seu possível madato.

“Retomar o Fundo Amazônia e fortalecer a sua governança, como estratégia de financiamento de ações de fiscalização, proteção e preservação daquele bioma, bem como o desenvolvimento social e humano da região”, defende o plano de governo de Tebet.

Sofia Manzano (PCB)

Nas propostas apresentadas pela presidenciável, ela defende o desenvolvimento de uma política ambiental que tenha como objetivo recuperar as florestas que sofreram com as queimadas e o desmatamento nos últimos anos. Além disso, a candidata do PCB apresenta como proposta para o meio ambiente um programa de recuperação das matas ciliares como medida para recuperar a navegabilidade dos rios e mananciais.

“Demarcação e regularização das terras dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Incentivo à redução do uso de agrotóxicos nas plantações, combinando o apoio à agricultura familiar, o fomento à organização de cooperativas para a produção agroecológica”, defende o texto apresentado pela candidata.

Vera Lúcia (PSTU)

No texto apresentado pela candidata mostra como proposta a expropriação das madeiras desmatadas ilegalmente na Amazônia. Além disso, a presidenciável defendeu a importância do enfrentamento com as grandes empresas brasileiras com o objetivo de gerar medidas para proteção do meio ambiente.

“Fortalecimento dos órgãos ambientais, com execução integral do orçamento, a contratação de equipes novas para ações de fiscalização e a elaboração de um plano real de contingência da perda de floresta”, alguns pontos apresentados pela candidata voltado para a preservação ambiental.

Soraya Thronicke (União Brasil)

A candidata do União Brasil defende que seja reavaliado a política ambiental brasileira e que as comunidades indígenas e quilombolas sejam autônomas e possam produzir riquezas, como alimentos e minérios estratégicos, gerando recursos para economia nacional.

“O Brasil precisa se preparar para enfrentar os impactos das mudanças climáticas sobre sua economia e segurança institucional. Isto envolve ações articuladas entre vários atores envolvidos com a gestão pública, desde a área ambiental até a Segurança Nacional”, defende o texto apresentado pela candidata.

Léo Péricles (UP)

No documento apresentado pelo candidato, Léo Péricles avalia a importância da proteção do meio ambiente e da natureza brasileira. Assim como a proibição da destruição de floresta e o fortalecimento das comunidades indígenas e quilombolas.

“Aumento da fiscalização de atividades com qualquer grau de impacto ambiental”, defende o texto apresentado. Além da “demarcação e posse imediata de todas as terras indígenas; recuperação e fortalecimento da Funai e controle das atividades extrativistas que agridem e ameaçam a vida das populações originárias”, acrescenta.

Luiz Felipe d’Avila (Novo)

O candidato apresenta como uma de suas propostas o respeito ao meio ambiente e a redução das emissões de gases do efeito estufa. O presidenciável d’Ávila defende que o Brasil tem condições para ser o líder global na economia do carbono zero, sinalizando para uma economia verde, que prioriza o uso sustentável dos recursos ambientais e a preservação dos biomas.

“Temos a obrigação de preservar a Amazônia e outros biomas importantes ao mesmo tempo em que garantimos emprego e renda para as populações que vivem nessas regiões” apresenta o documento do candidato do partido Novo.

Constituinte Eymael (DC)

O candidato do Democracia Cristã defende a proteção do meio ambiente e a garantia de que todos terão o direito de usufruir da natureza sem que ela seja agredida.

“Orientar as ações de governo, com fundamento no conceito de que a proteção do
meio ambiente é uma Causa Mundial”, defende o documento.

Padre Kelmon (PTB)

O documento apresentado pelo candidato do PTB faz referência ao antigo postulante do partido que teve o seu registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Roberto Jefferson.

No texto, Kelmon faz duas citações diretas ao meio ambiente. Entre as propostas está o desenvolvimento sustentável do Brasil.

“O PTB considera imprescindível que a exploração dos recursos naturais seja feita de maneira racional, estabelecendo-se a conservação e o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente.”

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