Tarcísio sobre tiroteio: “Não disse que era atentado. Foi intimidação”
Candidato do Republicanos ao governo de São Paulo participou de um encontro com representantes do partido Cidadania
atualizado
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São Paulo – Tarcísio de Freitas (Republicanos) manteve a programação de sua campanha na tarde desta segunda-feira (17/10) mesmo após ter interrompido um compromisso de manhã devido a um tiroteio em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
O candidato ao governo paulista participou de um encontro com representantes do partido Cidadania, no Edifício Praça da Bandeira, na Bela Vista. No evento, o ex-ministro da Infraestrutura falou sobre o ocorrido em Paraisópolis.
“Em nenhum momento eu disse que era um atentado. Segundo, esse tipo de troca de tiro ali não é comum e vamos lembrar que o crime organizado aqui em São Paulo é hegemônico em determinadas regiões”, disse Tarcísio.
O ex-ministro de Bolsonaro também chamou o tiroteio de “intimidação”. “Na minha opinião é um ato de intimidação. Foi um recado claro do crime organizado, dizendo o seguinte: ‘Vocês não são bem-vindos aqui. A gente não quer vocês aqui dentro. Esse território aqui é nosso. Você não entra aqui sem a nossa permissão’. É para mim é uma questão territorial. É uma questão que não tem nada a ver com política, não tem nada a ver com a questão eleitoral, mas é uma questão territorial. Eles estão dizendo: ‘Temos um lado e não é o seu'”.
Tarcísio fez questão de ressaltar que não quer politizar o episódio. Descartou a hipótese de um atentado contra sua vida ou mesmo um atentado político. “Foi um ataque no sentido de intimidar uma pessoa que estava lá fazendo um visita”, observou. “Estou falando que o crime não tolera o Estado. O crime quer o Estado longe, o crime quer ter o seu território””.
O candidato relatou que começou a ouvir tiros quando estava no terceiro andar do prédio conversando com as pessoas. “Primeira impressão que eu tive é que era algo para intimidar, para dizer ‘Vocês não são bem-vindos aqui”, contou. “Poucos minutos depois a gente começou a ouvir mais tiros e uma gritaria: ‘Abaixa, abaixa, abaixa. Vão atirar aqui’. Até o momento que uma pessoa entra e diz o seguinte: ‘Tem que tirar ele daqui que o problema é ele. Tão dizendo que vão entrar aqui””, relatou.
“Houve uma troca de tiro até o momento que a minha equipe entra e diz: ‘Conseguimos estabelecer a segurança para você sair’. Rapidamente eu saí e entrei na van e esperamos a equipe toda embarcar”.
O ex-ministro da Infraestrutura afirmou que não tinha respondido ainda a mensagem de solidariedade de seu adversário Fernando Haddad (PT) por falta de tempo, pois estava recebendo muitas demonstrações de apoio.
Veja o vídeo:
“Atacado por criminosos”
A campanha de Tarcísio foi interrompida por um tiroteio na manhã desta segunda em Paraisópol. Ele participava da inauguração do primeiro Polo Universitário de Paraisópolis, fruto de parceria entre o Centro Universitário Ítalo-Brasileiro e a Casa Belezinha Brasil. O ex-ministro afirmou, nas redes sociais, que foi “atacado por criminosos” e que um dos suspeitos foi baleado.
Segundo a polícia de São Paulo, um homem morreu durante o tiroteio. Felipe Silva de Lima, 27 anos, chegou a ser levado para o Hospital Campo Limpo, mas não resistiu aos ferimentos. Ele teria duas passagens por roubo.
Concorrente do petista Fernando Haddad na disputa do segundo turno, o ex-ministro da Infraestrutura do presidente Jair Bolsonaro (PL) estava em um andar inferior do prédio onde funciona o projeto. Depois que o tiroteio começou, todos que se encontravam no local subiram para o terceiro andar e se abaixaram. Ninguém se feriu. Alguns minutos depois, Tarcísio deixou a comunidade escoltado em uma van.
O delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico, afirmou ao Metrópoles, no início desta tarde, que ainda estava chegando ao local da ocorrência para apurar os fatos e que ainda não é possível afirmar se aconteceu um atentado contra o candidato Tarcísio de Freitas ou se os disparos envolveram uma troca de tiros entre policiais e supostos criminosos. Nico também não confirmou se alguém foi baleado.
Nenhuma hipótese afastada
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou, em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda que não descarta qualquer hipótese sobre o tiroteio ocorrido em Paraisópolis.
O general explicou que a presença de policiais para garantir a segurança do candidato dos Republicanos “incomodou” os criminosos da região, que iniciaram o tiroteio. “Nenhuma hipótese é afastada. Contudo, houve, sim, um ruído com a presença policial naquela área, e o tiroteio ocorreu a 150 metros de onde estava o candidato”, disse Campos.
Indagado sobre a possibilidade de o caso ser investigado como atentado, o chefe da Segurança estadual respondeu: “Nenhuma hipótese é afastada; contudo, com os dados que nós temos até agora, eu não considero esse fato que vá ao encontro do que o próprio candidato comentou [atentado]. Talvez, ruído com a presença policial; talvez, intimidação”.
Sinal de alerta
O presidente Bolsonaro também se pronunciou sobre o assunto. De acordo com o ele, o tiroteio acende um sinal de alerta para a equipe de segurança do aliado.
“Tudo é preliminar e não quero me antecipar. Se foi uma ação contra a equipe dele, se foi uma ação isolada, se algum conflito já estava havendo na região. Seria prematuro eu falar sobre isso”, disse Bolsonaro a jornalistas no Palácio da Alvorada, minutos após a confirmação do tiroteio.