SP: Tarcísio e Haddad nacionalizam debate e atacam padrinhos na Band
Candidatos ao governo de São Paulo participaram do primeiro debate do segundo turno, transmitido pela TV Bandeirantes, nesta segunda (10/10)
atualizado
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No primeiro debate do segundo turno entre os candidatos ao Governo de São Paulo, transmitido nesta segunda-feira (10/10) pela TV Bandeirantes, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) nacionalizaram a discussão e centraram os ataques nos padrinhos políticos.
Ambos adotaram um tom moderado, morno, sem ofensas pessoais. Porém, trocaram acusações sobre disseminação de fake news e, quando abordaram as questões do estado, divergiram principalmente nas propostas sobre segurança pública, ações para o centro da capital paulista e privatizações.
Haddad foi quem mais usou seu tempo para a atacar o presidente Jair Bolsonaro (PL). O candidato petista criticou a política de flexibilização das armas, o atraso na compra de vacinas, o aumento do desmatamento, os cortes na educação e na saúde e o chamado orçamento secreto.
“Você pretende trazer o orçamento secreto para São Paulo?”, indagou Haddad ao adversário, durante um dos blocos de confronto direto entre os candidatos.
“Se você ficar refém do Centrão, nós estamos literalmente roubados”, completou o petista, que a todo momento tentou contrapor o governo Bolsonaro com os dois mandatos de Lula.
“Haddad, eu acho que você está preso ao passado. Quero te lembrar que você é candidato ao governo de São Paulo”, provocou Tarcísio em uma das respostas ao petista.
Ele acusou de Haddad de não cumprir uma série de promessas feitas para a saúde, como construção de hospitais, quando ele foi prefeito de São Paulo (2013-2016). “Política pública é aquela que a gente entrega resultado”, disse Tarcísio.
O ex-ministro da Infraestrutura repetiu o roteiro bolsonarista, citando o valor investido pelo governo federal na compra de vacinas contra a Covid-19 e os pagamentos do Auxílio Emergencial durante a pandemia e do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família.
Segurança Pública
As principais divergências entre os dois candidatos se deram no tema da segurança pública. Haddad defendeu a instalação de câmeras nas fardas dos policiais militares, que reduziu a letalidade policial, enquanto Tarcísio voltou a dizer que irá revogar a medida adotada na gestão do ex-governador João Doria (PSDB), alegando que ela não reduziu a criminalidade.
O ex-ministro também defendeu a redução da maioridade penal para 16 anos, medida que só pode ser aprovada pelo Congresso Nacional, e prometeu ampliar o efetivo da PM por meio de concurso e elevar o salário dos policiais. Já Haddad enfatizou que seu plano para segurança pública é investir em inteligência policial para investigar e prender os chefes das organizações criminosas.
Meio Ambiente e Educação
Entre os embates que misturaram questões regionais com problemas nacionais, Tarcísio respondeu a uma fala de Haddad sobre cortes nos repasses de dinheiro para merenda escolar pelo governo federal dizendo que na gestão de Haddad na prefeitura de São Paulo era oferecida salsicha para as crianças com sobrepreço de 35%.
O petista rebateu afirmando que foi o primeiro prefeito a inserior alimento orgânico na merenda dos alunos. “Ao contrário de vocês, que gostam de agrotóxico. Gostam de por um veneninho na comida”, afirmou o candidato do PT. Antes, ele já havia criticado a política ambiental de Bolsonaro, dizendo que durante o atual governo o Brasil já desmatou uma área equivalente ao território da Bélgica.
Privatizações
Tarcísio e Haddad também divergiram na questão envolvendo privatizações de estatais paulistas. O ex-ministro de Bolsonaro defendeu o plano de conceder os portos para a iniciativa privada, com o argumento de que vai atrair mais investimentos para o estado e modernizar o setor portuário, enquanto o petista disse ser contra a privatização da Sabesp, a companhia de abastecimento de água e esgoto do estado.
Lula e Bolsonaro
Ao longo de todo o debate, os dois candidatos a governador procuraram enaltercer a figura de seus respectivos padrinhos políticos. Haddad citou Lula por diversas vezes como exemplo de “estadista” que o país precisa e que, como governador, quer “remar para o mesmo lado” que o presidente.
Já Tarcísio indagou como Lula governadoria com um Congresso majoritariamente de direita, em referência a boa votação dos candidatos bolsonaristas do PL, que elegeu as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado no primeiro turno.
Haddad avançou para o segundo turno com 7 pontos percentuais de desvantagem para Tarcísio (35,7% ante 42,3%), o que representa 1,6 milhão de votos de diferença. Depois do primeiro turno, o candidato do PL atraiu mais apoio dos maiores partidos e do governador Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado na disputa, com 18,4% dos votos.