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SP: Haddad martela vacilos de Tarcísio em busca de “efeito Russomanno”

Candidato do PT ao governo de São Paulo intensifica críticas a propostas de adversário para tentar desidratá-lo na reta final da campanha

atualizado

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Band/Renato Pizzutto
Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas
1 de 1 Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas - Foto: Band/Renato Pizzutto

Diante de um cenário adverso, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, decidiu intensificar na reta final da campanha sua ofensiva sobre os vacilos cometidos por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tentar provocar uma espécie de “efeito Russomanno” na candidatura do adversário e conseguir virar a disputa no próximo domingo (30/10).

A campanha de Haddad tem martelado três propostas nas quais Tarcísio recuou depois que elas causaram polêmica ou foram criticadas por setores da sociedade: a privatização da Sabesp, companhia de saneamento básico do estado, a retirada das câmeras das fardas dos policiais militares, e a divisão da Secretaria da Segurança Pública em duas pastas, uma destinada à Polícia Militar e outra à Polícia Civil, modelo semelhante ao adotado pelo governo do Rio de Janeiro, estado de origem do ex-ministro bolsonarista.

A propaganda petista tem dito que a privatização da Sabesp vai encarecer a tarifa de água e esgoto, que as câmeras nas fardas dos PMs reduziram os índices de violência e que a mudança na secretaria vai dividir as duas polícias em vez de integrá-las. Desde segunda-feira (24/10), a campanha de Haddad tem explorado a “marcha à ré” de Tarcísio, expondo as promessas e os recuos do ex-ministro nos programas no rádio e na TV. “Lá na sua terra isso se chama caô. Aqui em São Paulo isso se chama mentira”, diz a peça petista.

As pesquisas internas contratadas pelo PT mostraram que esses pontos colaram em uma parcela do eleitorado paulista e já ajudaram Haddad a reduzir a vantagem aberta por Tarcísio, que venceu o primeiro turno com 7 pontos de diferença sobre o petista — 42,3% a 35,7%. Na terça-feira (25/10), a pesquisa Ipec já apontou empate técnico — 52% dos votos válidos para Tarcísio ante 48% de Haddad. Essa será a tônica não apenas da propaganda até a véspera da eleição, mas também do que o ex-prefeito pretende explorar no último debate com o candidato do Republicanos, na quinta-feira (27/10), na TV Globo.

“Efeito Russomanno”

Nesta terça-feira (25/10), a campanha incorporou ao repertório de ataques ao adversário o episódio envolvendo o áudio divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo no qual um integrante da equipe de Tarcísio manda um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens de um tiroteio que interrompeu a agenda do candidato do Republicanos na favela de Paraisópolis, na capital paulista, no dia 17 de outubro. “O que Tarcísio quer esconder de você?”, provocou Haddad nas redes sociais.

A esperança de Haddad é que a ofensiva provoque na candidatura de Tarcísio efeito semelhante ao que ocorreu com Celso Russomanno (Republicanos) em 2012, na campanha a prefeito de São Paulo. Na ocasião, o atual deputado federal, que é aliado de Tarcísio, prometeu implantar uma tarifa de ônibus progressiva, o que encareceria as viagens mais longas. Depois que a campanha de Haddad explorou na TV que a medida prejudicaria os mais pobres que moram na periferia e trabalham no centro, Russomanno despencou nas pesquisas e sequer foi ao segundo turno. Haddad avançou e depois se elegeu derrotando o tucano José Serra.

Nas ruas e nas redes

O cenário eleitoral hoje é bem diferente do de dez anos atrás, quando Haddad se elegeu prefeito da capital. Agora, o petista precisa tirar uma vantagem em um prazo mais curto e em um cenário mais adverso, considerando a força do bolsonarismo no interior do estado e as alianças que Tarcísio obteve no segundo turno, em especial o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB).

Na terça-feira (25/10), Haddad fez sua última viagem para o interior do estado, para dar uma entrevista a uma emissora afiliada da TV Globo em Ribeirão Preto, onde o ex-ministro bolsonarista venceu com folga. Nos próximos dias, o petista vai priorizar carreatas em cidades do ABC paulista, como São Bernardo do Campo, onde se saiu melhor no primeiro turno. No sábado (29/10), véspera da eleição, o ex-prefeito deve fazer uma caminhada na Avenida Paulista ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Haddad também não deixará de apostar nesta última semana em lives que também ganharam espaço nessas eleições. Já está confirmada uma transmissão ao vivo pela internet nesta terça-feira (25/10) com o rapper Emicida, apoiador do PT. Nas redes, os petistas também vão explorar de forma intensa a proximidade de Tarcísio com o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), indiciado tentativa de homicídio pela Polícia Federal após receber com tiros e granadas agentes da PF que foram à casa dele cumprir uma ordem de prisão no último domingo (23/10).

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