SP: Garcia tenta repetir façanha de Covas para evitar tragédia tucana
Pela primeira vez desde 1990, PSDB de Rodrigo Garcia pode ficar fora do 2º turno no estado e vê seus 28 anos de hegemonia sob risco
atualizado
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Principal aposta eleitoral do PSDB no país, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, chega ao pleito estadual precisando repetir a façanha do ex-governador Mário Covas nas eleições de 1998 para conseguir avançar ao segundo turno e evitar o que seria uma tragédia política para os tucanos.
Pela primeira vez em três décadas, o candidato tucano ao governo paulista corre risco de cair no primeiro turno, o que acabaria com hegemonia de 28 anos do PSDB no comando do estado – o partido venceu com Covas em 1994, e de lá para cá acumula sete vitórias consecutivas nas urnas.
As últimas pesquisas mostram que Garcia trava disputa acirrada com o ex-ministro Tarcísio de Freitas, do Republicanos, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, para ver quem deve ir ao segundo turno contra o ex-prefeito petista Fernando Haddad, candidato do ex-presidente Lula no estado.
O cenário é semelhante ao das eleições de 1998, quando o então governador, Mário Covas, passou toda a campanha em terceiro lugar e conseguiu avançar ao segundo turno com uma vantagem de apenas 74 mil votos sobre Marta Suplicy, candidata do PT à época. Depois, Covas garantiu sua reeleição aglutinando amplo apoio para derrotar Paulo Maluf, que tinha alto índice de rejeição.
Para repetir a façanha de Covas, Garcia apostou suas últimas fichas no voto útil contra o PT, com o discurso de que só ele pode vencer Haddad no segundo turno. Os tucanos acreditam que o voto bolsonarista em Tarcísio migrará naturalmente para o atual governador caso ele avance, o que o tornaria favorito no duelo com o petista.
Oriundo do antigo PFL – legenda que depois virou DEM e hoje é o União Brasil –, Garcia se filiou ao PSDB apenas em 2021, a convite do ex-governador João Doria, de quem foi vice até abril deste ano, justamente para disputar sua sucessão e tentar garantir o domínio tucano no estado mais rico do país. O plano de Doria era concorrer ao Planalto, mas ele se viu obrigado a desistir depois de ficar isolado no partido.
Com alto índice de rejeição, Doria virou um fardo que Garcia teve de carregar durante a campanha. Enquanto o governador escondeu o antecessor na sua propaganda eleitoral, os adversários tentaram colar a imagem de Doria na do atual chefe do Palácio dos Bandeirantes. “Ao contrário dos outros candidatos, eu não tenho padrinho político”, repetia Garcia nas peças publicitárias e nos debates.
Aos 48 anos, o governador tem uma longa trajetória política, que começou muito antes da entrada de Doria na vida pública, nas eleições municipais de 2016.
Garcia se elegeu pela primeira vez deputado estadual em 1998, fazendo dobradinha com Gilberto Kassab, de quem foi sócio e secretário na prefeitura da capital até 2011, quando ambos romperam a parceria. Hoje, Kassab é um desafeto político de Garcia – ele fez questão de colocar o seu partido, o PSD, na chapa de Tarcísio de Freitas para tentar derrotá-lo.
Antes de ser o secretário de Governo na gestão Doria, em 2019, Garcia já havia atuado no estado durante a administração de Geraldo Alckmin, o mais longevo governador tucano. Alckmin deixou o PSDB em 2021 justamente por causa da filiação de Garcia, e, agora, além de ser vice na chapa do ex-presidente Lula, apoia a candidatura de Fernando Haddad contra o atual governador.
A seu favor, Garcia conta com amplo apoio partidário, o que lhe assegura o maior tempo de TV na propaganda eleitoral e a campanha mais cara, além da poderosa máquina do PSDB de São Paulo, cuja derrota na eleição deste domingo ameaçaria a sobrevivência da sigla.