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Silêncio de Bolsonaro sobre eleições inflama militância e gera incerteza política

Derrota de Jair Bolsonaro levou militância a esperar “convocação” do presidente e provocou paralisações de caminhoneiros nessa segunda-feira

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policiais militares intervém em bloqueio montado por manifestantes pró-Bolsonaro na rodovia BR 040 - Metrópoles
1 de 1 policiais militares intervém em bloqueio montado por manifestantes pró-Bolsonaro na rodovia BR 040 - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Passadas mais de 24 horas após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL) se mantém. Até o fim dessa segunda-feira (31/10), nenhum integrante do primeiro escalão do atual governo havia se manifestado publicamente sobre o resultado do pleito. 

Coordenador da campanha de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reconheceu a vitória de Lula, agradeceu os votos recebidos pelo pai e pediu aos apoiadores que “ergam a cabeça”. Foi a primeira manifestação de um integrante da família Bolsonaro após o resultado das urnas.

Aliados próximos ao candidato derrotado tentam convencê-lo a reconhecer a vitória do petista o mais rapidamente possível e evitar o clima de acirramento político no país. Segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a estratégia de Bolsonaro de se calar  pode acabar sendo um sinal verde para inflamar a militância bolsonarista e causar uma espécie de “convulsão social”. 

No domingo, quando as urnas já apontavam vitória de Lula, bolsonaristas presentes na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, aguardavam um posicionamento de Bolsonaro e se atentavam a qualquer sinal de “convocação”.

Por outro lado, sem sinalização do presidente, caminhoneiros bolsonaristas passaram a fechar rodovias brasileiras em protesto à vitória de Lula. Ao menos 19 estados e o Distrito Federal tiveram registros de bloqueios. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 236 ocorrências até o início da noite desta segunda

A paralisação ainda carrega incertezas sobre a dimensão e o tempo de duração dos protestos. Setores de logística, como empresas de frete rodoviário e de distribuição de combustíveis, e do agronegócio são vistos como os mais suscetíveis a sofrerem com os impactos das manifestações.

Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária disse respeitar o “direito constitucional à manifestação”, mas ressaltou que as paralisações “impactam diretamente os consumidores brasileiros, no possível desabastecimento e em toda a cadeia produtiva rural do país”. No mesmo sentido, a Confederação Nacional do Transporte defendeu o exercício de manifestação, desde que “ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas”. 

O cientista político André Rosa vê na postura adotada pelo presidente Bolsonaro uma repetição do comportamento adotado por Donald Trump nas eleições americanas, que culminou com a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, e uma grande agitação com seus adeptos. Na visão dele, essa atitude é errônea.

“Bolsonaro erra ao adotar a estratégia trumpista que deu errado nos Estados Unidos, e, mais do que isso, estimula a militância mais radical a tumultuar o país. O movimento dos caminhoneiros que ameaça fechar estradas, já é um reflexo do ato antidemocrático ao não reconhecer a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva”, analisa.

Para ele, o tom de silêncio desperta na militância bolsonarista algumas questões, como fraude no sistema de votação eletrônica e dúvida sobre a atuação do TSE, na figura do ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte Eleitoral.

“A tendência é que, quanto maior tempo durar o silêncio, mais propensão aos atos de violência política pelo país. O silêncio de Bolsonaro também reflete a dúvida do próprio presidente sobre qual decisão tomar: atacar a lisura das eleições ou reconhecer, mesmo que de forma sutil, a vitória do candidato do PT”, conclui Rosa.

Para o cientista político e professor de direito constitucional Nauê de Azevedo, na verdade, o silêncio do mandatário pode acabar servindo para deixar a militância sem comando. “Esse contexto é perigoso, sobretudo para setores mais inflamados, como os caminhoneiros que estão paralisando rodovias pelo país. É importante o presidente Bolsonaro se posicionar o quanto antes para evitar conflitos e mais violência política.”

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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam
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Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022

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Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos

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Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois

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Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

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Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)

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Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam

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A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a Jair

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Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da República

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Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL)

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É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos

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Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidente

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Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outros

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Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidente

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De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga Netto

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Expectativa de pronunciamento

Jair Bolsonaro apenas admitiu a derrota ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes. Ao proclamar o resultado das eleições para presidente da República, o ministro da Justiça Eleitoral relatou ter ligado para os dois candidatos que concorreram ao pleito.

De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, Bolsonaro se reuniu com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na tarde dessa segunda-feira (31/10). De acordo com a coluna, o atual chefe do Executivo federal disse que havia desistido de se pronunciar nesta segunda sobre o resultado das eleições. A interlocutores, o presidente do PL teria dito que encontrou Bolsonaro “arrasado”.

Segundo um ministro próximo a Bolsonaro, ele deve fazer pronunciamento nesta terça-feira (1º/11). A previsão, porém, é mais uma vontade de aliados do que do próprio candidato derrotado nas urnas.

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