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PT, PSDB e PSB veem hegemonias ameaçadas nos estados

Partido dos Trabalhadores tem domínio de 16 anos ameaçado na Bahia. Após governar São Paulo por 28 anos, PSDB pode nem ir ao 2° turno

atualizado

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governadores perdem hegemonia
1 de 1 governadores perdem hegemonia - Foto: Reprodução/Metrópoles

Brasília e São Paulo – Considerada a eleição mais polarizada desde a redemocratização, o pleito deste ano pode acabar com a hegemonia de PT, PSB e PSDB em três estados considerados “chaves” para a disputa presidencial: Bahia, Pernambuco e São Paulo.

Os estados, que carregam alianças históricas, são peças fundamentais para os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). São Paulo e Bahia, por exemplo, somam 45,9 milhões de eleitores.

Reviravolta petista na Bahia

Governado pelo PT há 16 anos, o estado baiano pode ver um reviravolta petista neste domingo. Pelo menos é o que indicam as pesquisas de intenção de voto mais recentes. O início da corrida eleitoral foi marcado por uma vantagem consolidada do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil). No entanto, Neto viu a distância do candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, cair consideravelmente nos últimos dias.

A mudança no cenário eleitoral do estado ocorreu após uma série de polêmicas envolvendo o candidato do União.

Ao registrar sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Neto se declarou “pardo”. A declaração de cor de pele do candidato foi explorada nas redes sociais e teve repercussão negativa.

Ainda em agosto, o pleito parecia definido a favor de ACM Neto. A última pesquisa Datafolha daquele mês apontava 54% para o ex-prefeito, contra 16% do petista. Agora, o ex-prefeito de Salvador aparece com 46%, enquanto o petista avança para 34%, de acordo com levantamento do Datafolha divulgado em 1º de outubro.

Entre as motivações para o desande da candidatura de ACM, está o “fator Lula”. O apoio público do ex-presidente influenciou positivamente a campanha de Jerônimo. Em determinado momento, o petista passou a ser chamado de “candidato do Lula”.

Outro ponto que influenciou o cenário do estado baiano foi a punição sofrida pela coligação do candidato do União, “Pra Mudar a Bahia”, com a perda de tempo nas propagandas eleitorais no rádio e na TV.

Ao todo, o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) suspendeu quase 10 mil segundos do tempo, dando pareceres favoráveis às reclamações do adversário petista. A Justiça baiana considerou que o candidato ultrapassou o tempo máximo na propaganda eleitoral e invadiu os horários destinados às candidaturas para os cargos proporcionais.

Desde o início da campanha eleitoral, ACM Neto prega a “desnacionalização” e tenta se afastar da polarização Lula-Bolsonaro. Desta forma, o ex-prefeito busca conquistar os votos dos eleitores de ambos os candidatos a presidente.

A ferramenta de campanha de ACM também virou alvo do petista Jerônimo, que o tem taxado de “candidato tanto faz”.

Enquanto, do outro lado, o candidato que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro, João Roma (PL), também utiliza da mesma prerrogativa. O ex-ministro afirma que o ex-prefeito não defendeu o governo de Bolsonaro durante os últimos 4 anos.

Aliados do Executivo e de Roma afirmam que a ascensão do petista na Bahia pode acabar levando ACM à direita e especulam uma possível aliança com Jair Bolsonaro, caso a disputa vá para o segundo turno.

PSB corre risco em Pernambuco

Ameaçado de perder o poder na região após 16 anos, o PSB enfrenta dificuldades para conseguir se consolidar em um possível segundo turno no estado pernambucano. Isso porque o favoritismo está nas mãos da candidata do Solidariedade, Marília Arraes, neta que leva o sobrenome do ex-governador e líder histórico do PSB, Miguel Arraes.

A aposta da legenda para governar o estado é Danilo Cabral (PSB), deputado federal com três mandatos. Ele se afastou do cargo para pleitear o governo pernambucano. Cabral foi secretário durante as gestões de Eduardo Campos e Paulo Câmara.

Pesquisa Ipec divulgada nesse sábado (1°/10) mostrava Marília com 38%, enquanto Danilo aparecia em quarto lugar, com 12%. Atrás de Arraes, os candidatos Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lyra (PSDB) empatavam, com 17%.

Reduto favoravelmente petista, o ex-presidente Lula possui preferência de pelo menos 65% dos eleitores do estado. Arraes era filiada ao PSB e deixou a legenda em 2016, por conta de divergências com demais membros do diretório pernambucano, para entrar no PT, enquanto também era aliada do ex-presidente. A aliança foi rompida após o partido preferir o nome de Cabral na disputa ao governo. Apesar do impasse, a candidata não retirou apoio a Lula.

A escolha da ex-vereadora pelo Solidariedade se deu pela possibilidade de permanecer próxima do PT sem precisar ceder ao PSB. Marília Arraes chegou, inclusive, a adotar referências a Lula em sua campanha com seus cabos eleitorais vestindo roupas com referências ao PT, mas foi vetada pelo partido.

Uma das dificuldades da legenda em emplacar a candidatura de Cabral na disputa ao governo é o alto índice de rejeição do atual governador pessebista, Paulo Câmara, do qual é aliada. De acordo com o Ipec, pelo menos 52% dos pernambucanos consideram a gestão de Paulo Câmara como ruim ou péssima. Apenas 15% aprovam.

A vice-governadora do estado é também a candidata a vice de Cabral, Luciana Santos (PCdoB).

Se o pessebista não for para o segundo turno, será uma derrota histórica da legenda, que está no comando do estado desde 2007.

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PSDB ameaçado em São Paulo

As pesquisas eleitorais mais recentes apontam que Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição para o governo de São Paulo, corre o risco de ficar de fora de um possível segundo turno. Levantamento Datafolha divulgado nesse sábado (1°/10) mostra que o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT) segue na liderança, com 39% das intenções de voto. O ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) ocupa a 2ª posição, com 31%. O atual governador Rodrigo Garcia aparece bem atrás, com 23%.

Se o representante do PSDB não for eleito governador nas eleições 2022, o partido deixará o cargo pela primeira vez em quase três décadas: 28 anos. O partido fundado por Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Sérgio Motta, Franco Montoro assumiu o governo paulista pela primeira vez em 1995, com a eleição de Mário Covas, também um dos criadores da sigla, e continuou vencendo os pleitos para o Palácio dos Bandeirantes.

“O cenário parece sombrio para o PSDB. O governo do estado de São Paulo é o que sustenta o partido como um player relevante no sistema político nacional. Perdendo em São Paulo, talvez o Rio Grande do Sul passe a ocupar esse lugar, mas sem a mesma força. Por outro lado, a política é muito instável, pode ser que em dois três anos a situação mude, mas hoje é difícil perceber um futuro para o partido”, avaliou Leonardo Belinelli, cientista político pesquisador do Centro de Estudos da Cultura Contemporânea.

Apesar de o candidato aparecer na terceira posição nas pesquisas, o PSDB sustentou que está “confiante com a vitória”. “Nós iniciamos com a gestão do Covas, que foi um divisor de águas aqui no Estado de São Paulo. Hoje é o melhor estado do país graças à responsabilidade fiscal que foi implementada, aos investimentos, ao modelo de gestão que foi aprovado pelo povo que elegeu o PSDB”, argumentou o presidente do São Paulo, Marco Vinholi.

Segundo o cientista político, a crise no PSDB tem diversas “camadas”. Entre elas estão a dificuldade para renovar as lideranças e o enfraquecimento da imagem do partido causado por disputas históricas pelo protagonismo envolvendo nomes como Geraldo Alckmin (agora PSB), Serra, Aécio Neves, João Doria e Eduardo Leite. “Há diversos caciques, mas nenhum deles foi capaz de dominar o partido e levar adiante uma organização partidária favorável ao projeto político nacional”, afirmou o pesquisador.

Outros fatores são a falta de um discurso coerente e o esvaziamento de sua base social. “O PSDB desde 2002 tornou-se a principal fonte de oposição aos governos do PT. Porém, a partir de 2013 com a jornada de junho novos grupos políticos surgiram tanto de feições liberais, como MBL, como também de grupos autoritários que se identificariam depois como o Jair Bolsonaro. O PSDB perdeu essa base social que depositava votos. Isso fica muito claro com a eleição do ex-governador João Doria com o voto BolsoDoria. Fica claro que o PSDB para manter a sua relevância precisa aderir a um discurso de extrema direita descaracterizando o partido”, disse Belinelli.

Aliás, Doria merece um capítulo à parte na história do PSDB. Para o cientista político, o ex-governador levou o partido para uma “encruzilhada” durante a pandemia, ao não acenar nem para os eleitores de esquerda nem para os bolsonaristas. Além disso, Doria interrompeu o estilo político que era seguido pelos membros eleitos do partido.

“Um partido que bem ou mal estruturava o sistema político brasileiro e não estrutura mais. O PSDB tem quadros relevantes, históricos da política nacional, mas não tem nem de longe o mesmo prestígio, inclusive intelectual, que tinha até alguns anos atrás. Hoje é um partido muito enfraquecido”, afirmou Belinelli.

“A cereja do bolo é a passagem de bastão de Doria para o Rodrigo Garcia, que foi muito atabalhoada, para dizer o mínimo, e também explica a situação do atual governador de São Paulo. O Rodrigo Garcia é quase um candidato dele mesmo. Você não consegue perceber na candidatura o traço de continuidade que existia no PSDB, até a candidatura do Doria”, complementou.

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