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PT isola Ciro Gomes no Ceará, mas “ajuda” candidato de Bolsonaro

O bolsonarista Capitão Wagner observa a briga entre os grupos do PT e de Ciro, que racharam após 16 anos de aliança bem-sucedida

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ciro Gomes discursa
1 de 1 Ciro Gomes discursa - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A hostilidade do presidenciável Ciro Gomes (PDT) em relação ao PT e a seu candidato ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ultrapassou a retórica política e rende cada vez mais consequências práticas. Os dois partidos estão rompendo vitoriosa aliança de 16 anos no Ceará e devem seguir caminhos distintos na disputa pelo governo do estado.

Esse racha beneficia o candidato aliado ao presidente Jair Bolsonaro (PL): o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil).

Com o objetivo de não magoar eleitores ciristas, que podem fazer a diferença na eleição presidencial, principalmente num eventual 2º turno, Lula e os dirigentes do PT evitam ao máximo reagir aos cada vez mais constantes e intensos ataques de Ciro, mas agiram para isolar o pedetista em seu próprio ninho eleitoral, ainda que isso rache a esquerda cearense e torne mais suave o caminho eleitoral da direita.

O cenário eleitoral cearense passa por um terremoto nos últimos dias, com uma crise que afeta até as relações familiares de Ciro. O senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão do candidato à Presidência, advogou até o fim pela manutenção da aliança com o PT no nível estadual.

A ideia de Cid, com apoio do PT, era lançar a atual governadora, Izolda Cela, em campanha à reeleição com o ex-governador Camilo Santana (PT) como candidato ao Senado.

Ciro, porém, conseguiu barrar o nome de Izolda e impor a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), conhecido como RC.

Izolda reagiu mal e usou todas as redes sociais na última terça (26/7) para criticar o acerto e anunciar sua desfiliação do PDT. Veja o discurso dela, que lamenta por os políticos do campo progressista no estado não estarem “todos unidos contra o fascismo, a intolerância e o ódio”:

No Ceará, espera-se que a governadora anuncie apoio à chapa do PT e até se filie ao partido nos próximos dias.

E o escolhido petista para a tarefa de concorrer ao governo estadual é o deputado estadual Elmano Freitas (PT).

Outros nomes com mais apelo midiático nacional foram considerados, como os deputados federais José Guimarães e Luizianne Lins, mas, numa articulação que passou por Lula, o nome de Elmano foi considerado mais capaz de atender as correntes do partido e os aliados que o PT está levando para a nova composição, como PCdoB, PV, MDB e PP (sim, o PP de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Bolsonaro).

A chapa, que terá Camilo como candidato ao Senado e ainda negocia a indicação para vice, foi celebrada pelo ex-governador usando a imagem de Lula. Veja:

Capitão Wagner torce pela briga

O racha no grupo que governa o Ceará há quatro mandatos é celebrado pela campanha do candidato do campo da direita este ano, o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), que é o nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Pesquisas recentes feitas no estado mostram o capitão da reserva da PM na liderança nas intenções de voto dos cearenses, mas por pequena margem, dependendo do levantamento. De acordo com pesquisa do instituto Quaest, divulgada em 6 de julho, Capitão Wagner tinha 44% e Roberto Cláudio chegava a 40%, um empate na margem de erro.

Já um levantamento do Paraná Pesquisas divulgado no último dia 16, quando a briga entre as alas já estava quente, trazia Wagner com 44,5% e Roberto Cláudio com 29,2%.

O nome do petista Elmano Freitas ainda não foi testado em pesquisas, mas a tendência é de que o racha entre os políticos contagie os eleitores, fazendo com que RC e Elmano dividam votos.

O movimento já começou. Após o racha entre os dirigentes estaduais, o prefeito de Chorozinho, Júnior Castro, que é presidente da Associação dos Municípios do Ceará (Aprece), informou, na quinta (28/7), que estava deixando o PDT para navegar no barco petista.

“Tomo essa decisão com toda a consciência para me engajar na campanha de Camilo Santana para o Senado e Elmano Freitas ao Governo do Estado. Faço isso por dever de gratidão, por tudo o que o ex-governador Camilo fez pelo meu município Chorozinho e por todo o Ceará, e pelo respeito à governadora Izolda Cela, que tinha a toda a legitimidade para ser a candidata do partido à reeleição”, escreveu ele.

Veja a postagem:

O próprio Bolsonaro, porém, não parece se beneficiar com essa briga estadual. O mesmo levantamento do Paraná Pesquisas do último dia 16 perguntou aos cearenses em quem pretendem votar para presidente. Como resultado, 42,1% escolheram Lula e 28,6% ficaram com Bolsonaro, mostrando que existe o fenômeno do voto Wagner-Lula – o que é uma má notícia para as duas chapas que vão disputar o campo progressista no nível estadual.

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