PT e PSB retomam negociações para união em torno da candidatura Lula
Chapa em São Paulo e espera por Alckmin são os principais entraves para as decisões sobre federação entre legendas de esquerda
atualizado
Compartilhar notícia
PT e PSB retomam nesta quinta-feira (20/1) as conversas sobre a possível formação de uma federação de partidos em torno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, em 2022. As conversas ainda têm como ponto nevrálgico as definições sobre candidaturas ao governo de São Paulo. Esse é o principal nó a ser desatado pelas duas legendas que tentam um entendimento.
As negociações estavam suspensas desde o final de 2021 e o encontro se dará na sede do PSB, em Brasília, a partir das 10h, com a participação dos dois presidentes das legendas: Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Siqueira (PSB).
O PSB não abre mão de lançar o ex-governador Márcio França ao governo paulista e não aceita que o PT lance o ex-prefeito Fernando Haddad, na disputa. Há a expectativa de que França também participe da conversa.
O PT, por sua vez, argumenta que Haddad tem obtido melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto até o momento e colocou esses resultados na mesa de negociações.
Outra conta apresentada pelo PT refere-se às chances de eleição e reeleição de deputados federais com a formação da chamada federação. Deputados dos dois partidos já consideram que a federação ajudaria a eleger mais parlamentares.
Segurança anti-impeachment
Um dos argumento apresentado pelo PT é também a garantia de governabilidade caso se confirme a vitória de Lula nas urnas. O PT quer garantir uma base de, pelo menos, 200 parlamentares.
Assim, a legenda, que teve o mandato de Dilma Rousseff interrompido por meio de um impeachment, terá mais segurança para governar e se veria menos dependente das barganhas do chamado Centrão, que esteve com o PT durante seus governos e que hoje é base de apoio do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
À espera de Alckmin
Além disso, os dois partidos ainda aguardam uma decisão de filiação do ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB, há cerca de um mês, e é o nome mais cotado para compor como vice na chapa de Lula.
Lula tem sinalizado o desejo de ter Alckmin como vice, seja dentro de uma federação, ou fora dela, caso Alckmin opte por se filiar a outra legenda que não o PSB.
O ex-tucano já recebeu convite do PSB, do PV e do Solidariedade, comandando pelo deputado Paulinho da Força (SP). Além disso, Alckmin também foi sondado pelo PSD, comandado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que tenta um projeto de candidatura própria, no primeiro turno, provavelmente do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Lula também tenta atrair o apoio do PSD no primeiro turno.
Outros entraves
Apesar de São Paulo ser o ponto mais travado da relação entre os dois partidos, há disputa por candidaturas em Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Acre. Esses estados, no entanto, são pontos vistos como mais fáceis de se chegar a uma solução.
Apoio a Lula
Mesmo assim, no PSB, é consenso de que seja qual for o desfecho nos estados, o partido estará no leque de alianças de Lula para 2022. Siqueira tem argumentado que esse apoio parte do convencimento de que só Lula seria capaz de colocar fim ao governo de Bolsonaro e já é um ponto decidido.
Nesse caso, os socialistas trabalham com dois cenários possíveis: a formação de uma federação, juntando ainda PCdoB e PV. Ou ainda continuar no apoio a Lula, mas sem formalizar a federação, caminho que também poderá ser tomado pelo PSol.
Prazo curto
Integrantes dos dois partidos, no entanto, apontam que a decisão sobre a formação da federação terá que ser tomada nas próximas duas semanas.
Isso porque, a formação da federação e os termos dessa união ainda precisam ser aprovada pela executivas de todas as legendas envolvidas, o que ocorreria em fevereiro. O prazo para a formalização junto à Justiça Eleitoral é março.