Polícia Federal abre inquérito para investigar institutos de pesquisa
A ação ocorre após o pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para apurar possíveis “conluios e associações”
atualizado
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A Polícia Federal (PF) abriu inquérito, nesta quinta-feira (13/10), a fim de investigar a atuação dos institutos de pesquisa nas eleições deste ano. A ação ocorre após o pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para apurar possíveis “conluios e associações” com o objetivo de prejudicar o pleito.
A PF confirmou à Agência Brasil que o processo vai investigar se as empresas trabalharam para prejudicar o presidente Jair Bolsonaro (PL) na campanha à reeleição. O inquérito será conduzido pela Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Superintendência do órgão no Distrito Federal.
Os institutos têm sofrido uma série de críticas em razão da diferença entre as sondagens da véspera da eleição e os resultados do primeiro turno, no último 2 de outubro.
Também nesta quinta, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou a abertura de inquérito contra os principais institutos de pesquisas eleitorais — Ipec, Datafolha e Ipespe — por “infração à ordem econômica tipificada”.
No despacho, o Cade cita ausência de racionalidade frente aos resultados eleitorais, o que indica a possibilidade de “suposta conduta coordenada ou colusiva e também de efeitos unilaterais por parte dos institutos”.
Na última semana, Anderson Torres defendeu a investigação. “O inquérito foi instaurado para esclarecer tudo isso. Tivemos números muito discrepantes da realidade nas urnas e precisamos saber se existem crimes por trás disso aí. Nada melhor que um inquérito na Polícia Federal para esclarecer o caso, para que a população brasileira possa exercer seu direito e para que pesquisas não direcionem votos”, declarou o ministro.
“Interferem na democracia”
Bolsonaro também endossou o pedido para apurar a atuação dos institutos. O mandatário da República acrescentou que a investigação visa “ver quem está pagando pelas pesquisas” e qual seria o interesse em custear esses levantamentos. Ele ainda acusou os supostos financiadores de “interferirem na democracia”.
Em entrevista ao Metrópoles, Márcia Cavallari, CEO do Ipec (antigo Ibope), defendeu a confiança nas pesquisas e disse que “não tem o que esconder”.
Márcia também afirmou que o instituto segue todas as exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para aplicação das pesquisas eleitorais, como apresentação do contratante do levantamento e do questionário aplicado.