Pela reeleição, Bolsonaro pode ter palanques duplos em seis estados
Planejamento inclui governadores eleitos na onda bolsonarista em 2018, parlamentares e ministros, de vários partidos
atualizado
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Em busca da reeleição ao Palácio do Planalto em outubro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou o ano com a previsão de ter mais de um palanque em ao menos seis estados. Para a disputa, o mandatário do país aposta em governadores e parlamentares que se elegeram na onda bolsonarista em 2018 e em ministros escolhidos a dedo. Ele, todavia, ainda avalia os nomes preferenciais e deve anunciar apoio a poucos candidatos.
No Rio Grande do Sul, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que trocará o DEM pelo PL, deixará o governo federal para disputar o estadual e deverá ter como um de seus adversários o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), também bolsonarista.
Há uma articulação para demover o parlamentar da ideia, abrindo caminho para Onyx. Heinze, todavia, insiste em continuar no páreo. A ideia é oferecer os dois palanques ao presidente da República.
Em Santa Catarina, um dos estados mais bolsonaristas do país, segundo pesquisas, o mandatário poderá ter até três palanques. O atual governador, Carlos Moisés (sem partido), tentará a reeleição em outubro, mas deverá enfrentar os senadores Jorginho Mello (PL-SC), da tropa de choque governista, e Esperidião Amin (PP-SC), também aliado do presidente.
Nos bastidores, parlamentares bolsonaristas sinalizam que eles e o próprio Bolsonaro devem seguir com Mello. É pouco provável, contudo, que um apoio formal seja anunciado ainda no primeiro turno, como forma de conseguir que os outros dois candidatos do mesmo campo não se voltem contra o esforço de reeleição do presidente.
No Pará, o senador Zequinha Marinho trocou, em dezembro passado, o PSC pelo PL e pretende disputar o governo do estado. A princípio, o delegado Everaldo Eguchi (Patriota-PA), que foi candidato à Prefeitura de Belém em 2020 com apoio de Bolsonaro, e o ex-governador Simão Jatene, que acaba de se desfiliar do PSDB, também estão na disputa pelo Palácio do Governo e pelo apoio do presidente.
Aliado de Bolsonaro, o atual governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), disputará a reeleição neste ano e deverá ter como adversário o senador Marcos Rogério (RO), integrante destacado da tropa de choque governista, que trocou o DEM pelo PL em dezembro. Ao ser questionado recentemente por apoiadores, o chefe do Executivo federal não garantiu apoio ao parlamentar.
“Tem estados aí que têm até quatro candidatos que me apoiam. Não posso ficar com um, os três vão ficar chateados comigo”, afirmou Bolsonaro, acrescentando que poderá anunciar apoio no segundo turno.
O governo de São Paulo também poderá ter dois bolsonaristas na disputa: o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, indicado por Bolsonaro, e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que representa uma ala mais ideológica e radical do bolsonarismo.
Bolsonaro não esconde a preferência por Tarcísio, ao ponto de pressioná-lo a entrar na disputa. Mas Weintraub, que vive nos Estados Unidos desde junho de 2020, quando deixou o Ministério da Educação, anunciou que estaria de volta ao Brasil no sábado (15/1), de olho nas eleições de outubro.
Em Pernambuco, onde Lula é muito forte, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes – segundo maior colégio eleitoral do estado –, Anderson Ferreira, tem se movimentado para disputar o governo. Ferreira é presidente estadual do PL, partido de Bolsonaro, que conta com o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto (PSC), para o pleito.
Nos bastidores, há uma costura de Machado com a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC) para formar uma chapa “bolsonarista raiz”, que poderia contar ainda com Coronel Meira, presidente do PTB pernambucano. A princípio, este palanque não seria encabeçado pelo ministro do Turismo, que deve disputar uma vaga no Senado ou na Câmara dos Deputados.
O deputado Evair de Melo (PP-ES), vice-líder do governo, destaca que muitos candidatos, apesar de levantarem a bandeira bolsonarista, não deverão ter o mandatário no palanque, nem tampouco o apoio explícito do presidente.
“Bolsonaro tem pessoas que ele quer apoiar e tem pessoas que, independentemente dele, vão usá-lo de bandeira política para sobreviver”, diz Melo. “Ele não vai descartar o apoio, mas não vai creditar seu prestígio.”
“O presidente deve escolher, no primeiro turno, alguns palanques”, pondera Melo, citando Tarcísio de Freitas. “Em alguns casos, quando tiver duplicidade de palanques nos estados, vai trabalhar com calma e cautela”, avalia.
No Paraná, a situação pode ser diferente. Com a popularidade em alta e a reeleição encaminhada, o governador Ratinho Junior (PSD) trabalha para unir aliados de Bolsonaro e do ex-ministro Sergio Moro (Podemos) no mesmo palanque.