Patrão que mandou equipe filmar voto em Bolsonaro na BA: “Brincadeira”
Em áudio vazado, Adelar Elói Lutz, que é do agronegócio na Bahia, ameaça demitir quem não gravasse o voto: “Se não filmar, rua”
atualizado
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Investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) sob suspeita de assédio eleitoral contra seus funcionários, o empresário do agronegócio do Oeste baiano Adelar Elói Lutz diz que o áudio no qual aparece falando “se não filmar, rua” era uma “brincadeira”.
No áudio, que começou a circular pelas redes sociais após ser compartilhado em grupos de aplicativos de mensagens, o empresário fala que forçou seus funcionários a filmarem o voto no primeiro turno das eleições presidenciais e ter demitido os que se recusaram a votar em Jair Bolsonaro (PL).
Veja áudio divulgado pelo Bahia Notícias, parceiro do Metrópoles
O empresário ainda orienta as trabalhadoras a colocarem “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna eletrônica e comprovar, posteriormente, que votaram conforme a imposição feita. Diz ainda que iria “pôr para fora” quem não votasse em Bolsonaro.
Após a repercussão negativa, ele gravou um vídeo, nessa quarta-feira (19/10). “Mandei esse coisa (áudio) para várias pessoas, mas não sei como foi para em outros lugares. Jamais ia fazer isso [demitir alguém]”, afirmou o empresário, que tinha ao fundo uma bandeira do Brasil customizada com a foto de Bolsonaro no centro.
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“Eu tenho gente que está trabalhando aqui que a família toda é PT, eu botei para fora? Eu não, só disse que tem que analisar e tal, mas não por isso, não tem pressão nenhuma”, disse.
Gaúcho radicado na Bahia há mais de 30 anos, Adelar é dono de propriedades rurais em Formosa do Rio Preto, que fica a 756 km de Salvador.
Lutz é conhecido por apoiar nas redes sociais o atual presidente. O MPT abriu inquérito para apurar o áudio vazado. O acusado mora em Formosa do Rio Preto (BA).
Casos de assédio explodem
Após o primeiro turno das eleições gerais de 2022, em 2 de outubro, as denúncias de assédio eleitoral dentro de empresas cresceram 857,7%. Até o dia 2, eram 45 informações de ilícitos ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Hoje, a quantidade chega a 431.
Na última semana, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, ressaltou que “é inadmissível, em pleno século 21, que empregadores pretendam coagir o empregado em relação ao seu voto”.
O ministro ressaltou que esse tipo de assédio “é crime” e que será combatido: “Precisamos coibir essas práticas nefastas”.