Parâmetros das eleições de 2022 já estão definidos, diz Fachin
Em reunião da Comissão de Transparência Eleitoral, Fachin declarou que “aprimoramentos” serão discutidos para 2024
atualizado
Compartilhar notícia
Ao abrir reunião da Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), nesta segunda (25/4), o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), frisou que o período para atualizações, sugestões de melhorias e aprimoramentos das eleições de 2022 já terminou. Disse ainda que a comissão segue seus trabalhos com a tarefa de acompanhar as rotinas de fiscalização e auditoria do processo eleitoral.
Nos últimos dias, as discussões sobre o processo eleitoral deixaram o clima tenso entre militares e a Justiça. Sem citar as Forças Armadas, Fachin declarou que as inovações possíveis para o pleito de outubro já foram definidas. As demais mudanças possíveis ficarão para as eleições de 2024.
“Dentro dos marcos legais e temporais, todas as sugestões de melhorias e aprimoramentos que recebemos no prazo inicial foram submetidas a uma análise de viabilidade técnica e administrativa, e tudo o que se mostrou tempestivo, pertinente e logisticamente viável para 2022 foi atendido e será aplicado, com reconhecimento e agradecimentos”, disse o presidente do TSE na abertura da reunião.
A CTE foi criada com o objetivo de discutir a construção de um Plano de Ação eleitoral. “Continuaremos, por certo, a refletir sobre outras sugestões e questões, bem assim aprimoramentos para as eleições de 2024 e seguintes. O quadro para este ano eleitoral, nada obstante, já está definido, e assim se fez dentro da Constituição, com leis e decisões do Congresso Nacional, e com as regulamentações deste Tribunal cujo prazo expirou em 5 de março último”, ressaltou.
A crise entre militares e a Justiça Eleitoral
A participação de membros das Forças Armadas na comissão que acompanha a organização das eleições vem sendo instrumentalizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) há algumas semanas. O clima esquentou de vez no último domingo (24/4), quando o ministro Luís Roberto Barroso, do TSE e do STF, afirmou durante palestra no Brazil Summit Europe, que “as Forças Armadas estão sendo orientadas para atacar o processo [eleitoral] e tentar desacreditá-lo.”
O Ministério da Defesa respondeu no domingo mesmo, em nota na qual qualificou como “ofensa grave” as palavras do ministro e defendeu como legítimas as sugestões feitas pelos militares no âmbito da totalização dos votos.
Na nota, o órgão disse que “repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que as Forças Armadas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”. A manifestação oficial foi assinada pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Em seguida, outras autoridades militares reagiram. O ministro e general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República tuitou que “essa afirmação [de Barroso] não procede; é inconsistente e sem fundamento” e que as Forças Armadas, “convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas, como sempre, a ajudar a lisura do evento”.
De volta a Fachin
Em seu discurso na reunião desta segunda, Fachin não citou os militares ou a crise, mas dialogou com ela. “É hora de ressaltar que o quadro normativo eleitoral para 2022 se encontra ultimado e inteiramente estabilizado. O regulamento do certame eleitoral está pronto para ser aplicado. Estamos empregando nosso lema: Paz e Segurança nas eleições”, insistiu.
“A Justiça Eleitoral é um patrimônio democrático imprescindível; atacar a Justiça Eleitoral é atacar a democracia”, disse o ministro. “O voto é secreto e o processo eletrônico de votação, conquanto sempre suscetível de aprimoramentos, é reconhecidamente seguro, transparente e auditável; e que são imprescindíveis paz e segurança nas eleições porquanto não há paz sem tolerância e sem respeito mútuo”, completou ele.