Para Lula, Bolsonaro deveria baixar preço do combustível “na canetada”
Petista chamou o presidente de “blefador” e lembrou que dolarização do preço foi adotada pela Petrobras no governo de Michel Temer
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, criticou as propostas anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para baixar o preço dos combustíveis e apontou que, se seu principal adversário tivesse coragem, acabaria com a dolarização do preço do petróleo “na canetada”.
Lula se referiu à política de Preço de Paridade Internacional (PPI) adotada pela estatal em outubro de 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), cuja base é o preço do petróleo no mercado internacional.
Para o petista, as medidas divulgadas por Bolsonaro e discutidas no Congresso Nacional servem apenas para que o atual presidente tente jogar a culpa nos governadores e empobreça os estados e municípios. Lula diz que a proposta não terá efeito no custo dos combustíveis.
““Nós estamos agora para votar um projeto de lei no Congresso Nacional para reduzir o ICMS no máximo a 17%, que é o preço que o governo quer estabelecer. Parece bonito, parece bom, parece que o governo está preocupado com o povo brasileiro. Mas o aumento da gasolina ao preço internacional não foi feito com votação no Congresso, foi uma canetada do Pedro Parente (ex-presidente da Petrobras do Governo Temer). Portanto, se foi uma canetada para aumentar o preço do combustível no Brasil ao preço internacional, para você tirar também pode ser uma canetada”, disse Lula, à rádio Itatiaia, do Vale do Aço mineiro.
Segundo o petista, Bolsonaro é um “fanfarrão” e não tem coragem para tomar a decisão. “Ele [Bolsonaro] aproveita todas as coisas que acontecem para criar uma farsa. Ele quer culpar os governadores”, disparou o ex-presidente.
Lula alertou para a perda de receita dos municípios em função da redução da cobrança do imposto e a incerteza quanto ao ressarcimento por parte da União, prometida pelo atual presidente.
“Ao mexer no ICMS, os municípios vão perder dinheiro. E os município perdendo dinheiro, a Educação vai perdendo dinheiro, a Saúde vai perder dinheiro”, ponderou Lula. “É no município que o povo mora. É no município que o povo quer Educação, é no município que o povo quer Saúde, é no município que o povo quer tranquilidade, que o povo quer rua, que esse povo quer segurança, que o povo quer luz elétrica. Ou seja, é lá que acontecem as coisas. E os municípidos vão ficar mais empobrecido”, disse o ex-presidente.
O ex-presidente ainda apontou que todos os chefes do Executivo federal, desde Getúlio Vargas, à excessão de Bolsonaro e Temer, buscaram que o país tivesse autossuficiência em combustíveis.
“Todos os presidentes da República deste país, civis e militares, brigaram para que o Brasil fosse autossuficiente em petróleo. Na hora que a gente conquista a autossuficiência, ao invés da gente ser soberano com nosso petróleo, ao invés da gente refinar 100% do nosso combustível e vender a preço de real, preço abrasileirado, porque a produção é em real, a gente se subordina às empresas que estão importando gasolina”, declarou o petista.
“Bolsonaro, nosso blefador”
Lula ainda chamou Bolsonaro de “blefador” ao tentar tumultuar o processo eleitoral colocando em dúvida a credibilidade do sistema de votação e apontando possibilidades de golpes.
“Ele tenta vender blefe todos os dias. Joga desconfiança na religião, nas urnas, no STF, na Câmara, no Senado; ou seja, é um cidadão cuja única coisa que permeia a vida dele, que ele acredita, são as mentiras que conta”, acusou Lula.
“Desculpas”
Lula admitiu que o PT pode não ter correspondido às expectativas da população em seus governos, mas que não é vergonha “pedir desculpas”.
“Se algum prefeito cometeu um erro, tem que pedir desculpas ao povo por ter errado e tentar corrigir. Isso não é vergonhoso. A palavra ‘desculpa’ só é dita por gente grande, que tem dignidade, que tem moral e caráter”, disse ainda.
“O PT era um partido muito forte, temos que avaliar o que mudou, não pelo fato de a direita estar governando, porque isso faz parte da alternância de poder. O PT também não é obrigado a governar todos os anos, mas precisamos analisar porque deixamos de ser competitivos, mas eu tenho certeza que fizemos extraordinárias políticas públicas em várias cidades que governamos.”