No JN: Bolsonaro defende aliança com Centrão para não ser “ditador”
Em sabatina no Jornal Nacional, Bolsonaro afirmou que o apresentador William Bonner estaria o “estimulando” a ser ditador
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou justificar no Jornal Nacional, nesta segunda-feira (22/8), a aliança de seu governo com o Centrão, bloco formado por partidos de centro e centro-direita. Bolsonaro foi questionado sobre a aproximação, ao longo de seu mandato, com o grupo que criticou duramente na campanha eleitoral de 2018.
O candidato à reeleição “acusou” o apresentador William Bonner de, ao criticá-lo por se unir ao Centrão, o estar “estimulando a ser ditador”.
“Você está me estimulando a ser ditador. O Centrão são aproximadamente 300 parlamentares. Se eu deixá-los de lado, vou governar com quem? Não vou governar com o Parlamento. Então, você tá me estimulando a ser um ditador”, reagiu Bolsonaro, ao ser questionado sobre o assunto.
O candidato à reeleição lembrou que dos 513 deputados, 300 são de partidos de centro e afirmou que são “pejorativamente” chamados de Centrão. Ele ainda negou possibilidade de aliança com siglas de esquerda, como PT, PCdoB, PSOL e Rede: “Não dá para você conversar com eles. Eles nem teriam votos”.
“Então, os partidos de centro fazem parte, grande parte, da base do governo para que possamos avançar em reformas”, defendeu. “Como eu vou trabalhar com o Parlamento sem os partidos de centro?”, prosseguiu ele.
“No meu tempo não era Centrão, não existia Centrão. No meu tempo, esses partidos que eu já integrei não eram tidos como do Centrão. Agora, o importante: nós temos um governo sem corrupção. Eu indiquei ministros por critério técnico. Eu não aceitei pressões de lugar nenhum para calar ministros”, finalizou Bolsonaro.
Durante a campanha eleitoral em 2018, em uma convenção do PSL que oficializou a candidatura de Bolsonaro à Presidência da República, o agora ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, cantou uma paródia do samba “Reunião de Bacana (Se Gritar Pega Ladrão)”, do cantor Bezerra da Silva: “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”, substituindo a palavra “ladrão”, da letra original, pelo nome dado ao bloco partidário.
A paródia fazia referência à aliança de Geraldo Alckmin (PSDB) com partidos do Centrão. Recentemente, Heleno disse ter mudado de opinião sobre o grupo.
Bolsonaro abriu a série de entrevistas do noticioso da TV Globo com os candidatos ao Palácio do Planalto das eleições deste ano. Ele foi entrevistado pelos âncoras William Bonner e Renata Vasconcelos no estúdio montado exclusivamente para as entrevistas dos presidenciáveis.
As sabatinas têm 40 minutos de duração e são feitas ao vivo diretamente dos “Estúdios Globo”, anteriormente chamado de Projac, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
As datas e a ordem das entrevistas foram definidas por sorteio em 1º de agosto com representantes dos partidos dos presidenciáveis. Veja:
- Segunda-feira (22/8): Jair Bolsonaro (PL)
- Terça-feira (23/8): Ciro Gomes (PDT)
- Quarta-feira (24/8): sem entrevista
- Quinta-feira (25/8): Lula (PT)
- Sexta-feira (26/8): Simone Tebet (MDB)
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Convite aceito
No dia 5 de de agosto, o presidente Bolsonaro concordou oficialmente em ir aos estúdios da Rede Globo, no Rio de Janeiro, para conceder entrevista ao Jornal Nacional.
Inicialmente, Bolsonaro queria negociar a realização da entrevista no Palácio da Alvorada, como foi feito com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em eleições anteriores.
O Partido Liberal, sigla à qual o presidente é filiado, havia solicitado que a entrevista ocorresse na Residência Oficial da Presidência, sob a alegação de que os ex-presidentes petistas tiveram o mesmo direito quando tentaram reeleição em 2006 e 2010, respectivamente. No entanto, após negativa da Globo, ele recuou e aceitou o convite.