Neta de colonos, candidata declara ao TSE presa de elefante de R$ 400 mil
A peça é fruto de herança deixada pelo avô e pelo pai. Anna Van nasceu no Congo e é neta e filha de colonos belgas na região
atualizado
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Neta e filha de colonos belgas na África, a artista plástica Anna Van (Pros-SE), de 72 anos, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser proprietária de uma presa de elefante avaliada em R$ 400 mil.
Nascida na Kinshasa, capital da atual República Democrática do Congo, e naturalizada brasileira, Anna Van é candidata a deputada federal por Sergipe. No total, ela afirmou ter um patrimônio de R$ 1,2 milhão – os outros R$ 800 mil são em joias.
A candidata é filha de pais belgas de origem holandesa e neta de colonos do Congo Belga, onde Anna Van nasceu em 1950 e morou por 10 anos. A mulher morou também por uma década na Bélgica, outra no Japão e há 42 anos vive no Brasil.
A presa de elefante, afirma a candidata, é fruto de uma herança deixada pelo avô ao pai dela.
“Essa presa tem história, sim. O meu avô foi um dos primeiros colonos na África, no Congo. Essa presa é de 1925. Quando os elefantes machos ficam velhos, eles se tornam violentos. E esses elefantes derrubavam cercas de aldeias indígenas e matavam as pessoas. Então pediram para o meu avô matar um elefante, pois ele era um elefante assassino. Tinha mais de três metros de altura”, conta Anna Van, em conversa com o Metrópoles.
O avô dela, Charles Van Merlo, guardou a presa, que tem 1,50 m e pesa 8 kg, e, quando saiu da Bélgica, a deu de presente para o filho.
“Logo após a Segunda Guerra, meus pais se casaram e foram se aventurar na África. Meu pai era trabalhador e inteligente. Prospectou terreno e abriu uma olaria, quando todo mundo precisava construir, e também criou uma carpintaria para fazer caixas. Ele trabalhou muito, mas também ganhou muito dinheiro com o seu trabalho”, diz a filha, que nega que o pai tenha sido um escravocrata.
Questionada se venderia a “herança”, Anna Van não descartou a possibilidade: “Eu até estou precisando. Fiquei viúva e estou até vendendo minha casa. Pois se com o salário do meu marido mal dava para juntar as pontas, com a metade já estou até devendo três anos de IPTU. Daqui há pouco perco a casa”, calculou.
Nos séculos XIX e XX, o Congo foi palco de um massacre promovido pelo rei Leopoldo II, da Bélgica. O monarca administrava a região como um empreendimento para lucro pessoal – com a extração de borracha e a matança de elefantes para a obtenção do marfim. Estima-se ao menos 10 milhões de congoleses mortos.
Hoje, o comércio de marfim é proibido em vários países do mundo. Anna Van assegura que a presa dela, porém, é legalizada.
A candidata nasceu cerca de quatro décadas após o fim do reinado de Leopoldo II. Ela afirma acreditar que não teve massacre na região onde morava. “Não tinha nada disso. Meu pai sequer tinha escravos. Ele trabalhava com duas tribos. Quando ele foi embora, os empregados dele choraram, pois ele tinha empregados com mais de 25 anos”, conta, com a voz embargada.
“Mas houve massacre, sim, em 1960, na Independência do Congo. Os comunistas foram lá e botaram um monte de merda na cabeça dos indígenas. Um monte de asneiras. Aconteceu muita barbaridade naquela época”, acrescenta ela.
Essa é a primeira eleição disputada por Anna Van. Ao citar o presidente Jair Bolsonaro (PL), ela conta ter sido motivada por um sentimento de honestidade que, segundo ela, estaria tomando conta dos governos.
“Nunca quis ser candidata, mas pelo fato do Bolsonaro ser uma pessoa direita, a gente está começando a ver que existe uma possiblidade de ter governos direitos, de direita. O meu intuito é trabalhar com honestidade. Mas não só por conta do Bolsonaro, mas porque também, finalmente, vamos ter pessoas que vão trabalhar para o bem do povo, e não para o bem do próprio bolso”, afirma a candidata do Pros.
Ranking de joias
Anna Van é a quinta no ranking de candidatos que declararam, nas eleições deste ano, os maiores valores em joias, quadros, objetos de arte e de coleção e antiguidades.
Os dados são do TSE e foram levantados pelo Metrópoles no último dia 1º.
A lista é encabeçada por Dr. Constantino Cury (PT), candidato a deputado federal por São Paulo. Ele afirmou ter R$ 12,5 milhões em joias de família e quadros. O valor equivale a 65,5% do patrimônio total do petista.
Entre os bens declarados por Cury estão uma coleção de moedas, avaliada em R$ 100 mil, e uma coleção de selos, de R$ 300 mil.
No total, mais de 140 candidatos declararam algum valor em joias, quadros, artes e antiguidades. São mais de R$ 45 milhões em bens.
Confira, a seguir, o top 15: