Mourão diz que filiação ao Republicanos está “praticamente” definida
Nas eleições deste ano, atual vice-presidente deve concorrer a uma vaga no Senado Federal pelo estado do Rio Grande do Sul
atualizado
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O vice-presidente Hamilton Mourão, atualmente no PRTB, disse nesta terça-feira (15/2) que sua filiação ao Partido Republicanos está “praticamente” certa. Nas eleições deste ano, o general deve se candidatar ao Senado Federal pelo Rio Grande do Sul.
Mais cedo, Mourão se reuniu com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP). O encontro durou cerca de 45 minutos.
“Conversamos aí sobre a minha candidatura no Rio Grande do Sul. Alinhavando aí as nossas percepções e a probabilidade de eu me juntar ao partido dele”, declarou o vice-presidente.
Questionado se a ida para o partido já estaria definida, Mourão respondeu: “Praticamente sim”, ressaltando que só está esperando o momento certo para bater o martelo.
Futuro político
Para concorrer ao Senado neste ano, Mourão não precisa se desincompatibilizar do cargo de vice, mas não poderá assumir o posto de presidente da República interino nos seis meses que antecedem o pleito de outubro.
No Rio de Janeiro, o general teria problemas para ser apoiado por Bolsonaro, pois o candidato do presidente ao Senado no estado é, ao menos por enquanto, Romário (PL).
Já no Rio Grande do Sul, teria mais chance de contar com o apoio, pois pode tentar ocupar a vaga que hoje pertence a Lasier Martins (Podemos).
Bolsonaro e Mourão
O presidente Jair Bolsonaro e o atual vice-presidente têm se afastado ao longo do governo. Em junho, Mourão chegou a dizer que “sente falta” de se reunir com o mandatário do país.
Em três anos de governo, o general e o capitão reformado do Exército têm tido várias posições diferentes — o que, segundo interlocutores, não tem agradado o chefe do Executivo.
Em abril do ano passado, quando Bolsonaro já dava os primeiros recados de que não iria dar continuidade à chapa em 2022, Hamilton Mourão disse que o chefe do Executivo deveria escolher outro nome, mas que Bolsonaro ainda não o havia procurado para tratar do assunto.
“Bolsonaro vai escolher outra pessoa para acompanhá-lo para a reeleição. O que tenho visto [nas] declarações de Bolsonaro é que ele precisaria de outra pessoa no meu lugar, mas ele nunca disse isso para mim”, disse à época.
Em uma das mais recentes declarações sobre o assunto, Bolsonaro afirmou que o novo vice não pode “atrapalhar”. Em outra oportunidade, o chefe do Executivo federal disse que “vice bom é aquele que não aparece”.
“A gente não está pensando em ter uma chapa para ganhar a eleição e depois não poder governar. Isso é horrível, isso é péssimo. Ter um vice que te atrapalhe. Isso é horrível”, afirmou o presidente no início do mês.
Agendas entre os dois diminuíram 85%
De acordo com um levantamento feito pelo Metrópoles, o descontentamento com o atual vice ficou evidente não apenas nas declarações do chefe do Executivo federal, mas também na agenda pública do presidente.
Os encontros entre Bolsonaro e Mourão diminuíram 85% desde o início do mandato, em 2019. Naquele ano, o presidente e o vice tiveram o maior número de reuniões durante o governo: foram oito agendas privadas e outras 27 conjuntas, com a presença de diferentes autoridades.
Em 2020, ano em que o presidente da República mais criticou seu vice e fez declarações no sentido contrário às de Mourão, houve registro de três agendas particulares entre os dois — número menor do que a metade dos encontros registrados no ano anterior. Mourão participou de outras 18 agendas conjuntas, como reuniões ministeriais convocadas por Bolsonaro.
A quantidade de reuniões entre Bolsonaro e Mourão em 2021 foi menor ainda: os dois se encontraram em apenas cinco oportunidades, sendo duas agendas privadas e três conjuntas. Neste ano, Jair Bolsonaro também deixou evidente que deve escolher outro nome para disputar uma eventual reeleição à Presidência em 2022.