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Mesmo derrotado para o Planalto, PL de Bolsonaro elege dois governadores

Após conquistar as maiores bancadas do Senado e da Câmara nestas eleições, Partido Liberal consegue eleger governadores em dois estados

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Presidente Bolsonaro concede coletiva de imprensa ao lado de prefeitos
1 de 1 Presidente Bolsonaro concede coletiva de imprensa ao lado de prefeitos - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Representado por Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT) ganhou a disputa pela Presidência no segundo turno, neste domingo (30/10). Mesmo sem conseguir se manter no Planalto, o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, elegeu governadores em dois estados.

Cláudio Castro (PL) conseguiu se reeleger logo no primeiro turno do pleito como governador do Rio de Janeiro. Ele venceu Marcelo Freixo (PSB), com 58,67% dos votos dos eleitores cariocas.

Neste domingo, eleitores de Santa Catarina também decidiram por um candidato do PL. Jorginho Mello disputava com Décio Lima (PT), e ficou na frente com 70,7% dos votos válidos, se elegendo o novo governador do estado. Lima ficou com 29,4%.

No primeiro turno, ele também havia se saído melhor, com 38,6%.

Em outros três estados, candidatos do PL chegaram a disputar o segundo turno das eleições, mas acabaram derrotados. São eles: Rio Grande do Sul, com Onyx Lorenzoni; Rondônia, com Marcos Rogério; e Espírito Santo, com Carlos Manato.

Esta é a primeira eleição com vitória de governadores pelo Partido Liberal. Fundada em outubro de 2006 como Partido da República (PR), a liga conservadora passou três eleições (2010, 2014 e 2018) sem sequer chegar perto do primeiro lugar de um pleito estadual.

Jair Bolsonaro se filiou ao PL em 30 de novembro de 2021. Para o analista político Caio Mastrodomênico, sua entrada é fator importante para a consolidação e expansão da sigla. “O aumento no número de representantes no PL acontece, evidentemente, devido à candidatura do Bolsonaro pelo partido. Isso também aconteceu no antigo PSL: Bolsonaro se filiou e tivemos um número de deputados eleitos pelo PSL por causa da onda bolsonarista.”

A escalada do bolsonarismo entre eleitores beneficia, também, os políticos que estão participando do mesmo projeto que o presidente — principalmente, sendo do mesmo partido.

Maior bancada

O PL obteve êxito na Câmara e no Senado nas eleições de 2022, e terá as maiores bancadas. Na disputa pelas 513 cadeiras da Câmara Federal, a sigla conseguiu eleger 99 deputados.

No Senado, o cenário se repetiu e o Partido Liberal teve 8 candidatos eleitos. Dessa forma, terá 14 cadeiras das 81.

Há quatro anos, em 2018, as maiores bancadas eleitas pertenciam ao PT, com 56 deputados, e ao então PSL, atual União Brasil, com 52.

Onda do conservadorismo no Brasil

O resultado das eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reforça a ideia de que o Brasil vive uma onda em ascensão do conservadorismo. “Tivemos uma eleição voltada para a bancada conservadora muito maior do que nas últimas eleições. Apesar de a maioria da população ser cristã, nunca tivemos forte conservadorismo, essa onda é recente”, comenta Mastrodomênico.

Os eleitores colocam em poder “os representantes alinhados com as suas escolhas”, destaca o especialista. “Ou seja, se temos mais conservadores eleitos, significa que a maioria da população tem se demonstrado conservadora.”

Internacionalista e cientista político, Uriã Fancelli não acredita que os resultados das eleições de 2022 refletem a vontade da população. “O Brasil é um país com baixo nível de educação, em que 33 milhões de pessoas passam fome. Conseguir comprar o voto das pessoas, nessas circunstâncias, é muito mais fácil. Temos, agora, o aborto como uma das principais discussões. Essa questão reflete a necessidade do brasileiro?”

Francelli acredita que a disputa foi definida pela ascendência do bolsonarismo — movimento que, apesar de andar de mãos dadas com o conservadorismo, não é igual. “O bolsonarismo soube jogar muito bem, é um movimento organizado”, comenta.

Ainda assim, Francelli descarta a ideia de que o bolsonarismo domine o país. “No primeiro turno, temos muitos votos na Tebet e no Ciro. Lula marcou 5,1 pontos porque a maior parcela da população se recusa a votar em Bolsonaro”, aponta. O bolsonarismo também não conseguiu vencer no segundo turno, e o petista cravou vitória com 50,8%.

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