Maiores doadores investiram R$ 5,5 milhões em candidatos não eleitos
Empresários desembolsaram valores na casa dos milhões para bancar campanhas políticas que não obtiveram sucesso
atualizado
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Os cinco maiores doadores a campanhas eleitorais neste ano investiram R$ 5,555 milhões em candidatos que não foram eleitos. Entre postulantes aos cargos de governador e deputado, campanhas receberam doações milionárias, mas não alcançaram o número de votos para eleição.
O maior doador a campanhas neste ano, Rubens Ometto Silveira Mello, doou R$ 8,8 milhões. Parte do valor, no entanto, foi direcionado a candidatos que não se elegeram. O candidato à Câmara Darci de Matos (PSD), por exemplo, recebeu R$ 150 mil – a segunda maior doação feita pelo empresário – e não foi eleito.
Ometto é empresário conhecido do setor açucareiro e do etanol. Ele está entre os dez maiores bilionários do país, segundo a revista Forbes.
Outro que recebeu um valor alto do empresário foi Carlos Moises da Silva (Republicanos), que concorria à reeleição para o governo de Santa Catarina. Ele recebeu R$ 100 mil, mas não chegou sequer ao segundo turno, disputado por Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT).
Veja:
Em segundo no ranking de doadores, Alexandre Grendene Bartelle doou R$ 6,4 milhões. Desse montante, R$ 2,4 milhões foram para candidatos não eleitos.
A maior doação foi para Roberto Argenta (PSC), candidato mais rico a concorrer para o cargo de governador no país. Foram R$ 1,9 milhões investidos no postulante, que não avançou para o segundo turno no Rio Grande do Sul.
Confira:
Ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro e presidente da locadora de carros Localiza, José Salim Mattar Junior, ocupa o terceiro lugar. No total, o empresário gastou um total de R$ 1,8 milhão em 17 candidatos que não foram eleitos.
Suas duas maiores doações, no entanto – R$ 1,8 milhão a Jair Bolsonaro (PL) e R$ 800 mil a Tarcisio de Freitas (Republicanos) – são a candidatos que concorrem no segundo turno.
Entre os que não ganharam em primeiro turno, está Fernando Holiday (Novo), que concorria ao cargo de deputado federal por São Paulo, e recebeu R$ 250 mil do empresário.
Confira a lista completa:
Em quarto lugar está Frederico Carlos Gerdau Johannpeter, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau. Ao menos R$ 305 mil foram destinados a campanhas de candidatos que não ganharam as eleições.
Diogo Paz Bier (PSDB), conhecido como Mano Changes, está entre os que mais receberam de Gerdau. A campanha ganhou R$ 100 mil para promover sua corrida à Câmara pelo Rio Grande do Sul, mas o postulante não chegou ao Congresso.
Mônica Leal Markusons (PP), Pablo Fraga Mendes Ribeiro (MDB) e Pablo Sebastian Andrade de Melo (MDB) também receberam doações de ao menos R$ 25 mil, mas não se elegeram.
Veja:
O advogado, pastor evangélico e palestrante Fabiano Zettel ocupa o quinto lugar na lista de doadores pessoa física. Ele investiu em apenas três candidatos: dois estão disputando o segundo turno, e um não foi eleito.
A maior doação foi endereçada ao presidente Bolsonaro. Foram R$ 3 milhões enviados à campanha de reeleição do mandatário. A segunda maior doação foi destinada a Tarcísio de Freitas (Republicanos): R$ 2 milhões.
Outros R$ 10 mil foram enviados à campanha de Lucas Gonzalez (Novo), que concorria a deputado federal por Minas Gerais. Ele não foi eleito.
Veja:
Doações
O cientista político André Felipe Rosa, da Faculdade Mackenzie, aponta que essas doações nem sempre refletem o posicionamento do empresário por trás.
“A relação do político com o doador de campanha, eticamente, deveria ser de apoio a uma agenda de propostas, mas interesses escusos acabam direcionando as doações, em detrimento dos reais interesses republicanos”, aponta.
Rosa pontua, no entanto, que essas doações únicas são uma ferramenta importante e que ultrapassa os limites impostos ao financiamento empresarial.
“Para os cargos proporcionais (Poder Legislativo), essas doações se mostram mais impactantes em relação a campanhas majoritárias. O fenômeno se explica pela baixa visibilidade midiática e de exposição dos candidatos para cargos proporcionais”, afirma.