Lula se reaproxima de advogados que fizeram acordos com a Lava Jato
Segundo presentes ao jantar com o petista, Lula e os advogados não tocaram no assunto das delações da força-tarefa
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, tem feito uma série de encontros com o setor empresarial nas últimas semanas. Em alguns jantares, tem se deparado com uma situação inusitada: a aproximação de advogados que atuaram em antigos acordos de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, força-tarefa que o investigou e o condenou à prisão.
As condenações de Lula foram invalidadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o coordenador da extinta operação, o ex-juiz Sergio Moro, imparcial no julgamento do petista.
Favoritos nas pesquisas, Lula e o pré-candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), se encontraram com advogados que, durante a vigência da força-tarefa, atuaram na defesa de empreiteiras. Nesse contexto, negociaram os termos das delações usadas por Moro para incriminar o petista por crime de corrupção.
Os dois jantaram na casa do advogado Sergio Renault, em São Paulo, na última terça-feira (28/6). “Os advogados da Lava Jato passaram a gravitar Lula e Alckmin”, contou um interlocutor próximo ao petista.
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Assunto proibido
Na Lava Jato, Renault defendeu interesses da UTC Engenharia na operação. Da parte do anfitrião, não partiu nenhuma menção à delação que ajudou a costurar. Assim, não houve constrangimento durante o convescote, que também contou com a presença do advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, e que tem um posicionamento diverso dos que endossaram as teses de Curitiba.
Segundo pessoas presentes ao jantar, a única menção à extinta força-tarefa não foi feita por nenhum advogado, mas pela empresária Rosângela Lyra, ex-representante da Dior no Brasil.
A empresária, defensora aguerrida da Lava Jato, confidenciou ao petista ter feito uma auto-reflexão e mudado de opinião a respeito das acusações feitas pelo ex-procurador Deltan Dallagnol.
Cartel de empresários
Renault conduziu a negociação do primeiro acordo de delação assinado com a força-tarefa por um dono de empreiteira: Ricardo Pessoa.
Acusado pela Lava Jato de chefiar “um cartel de empresários” que tinha negócios com a Petrobras, Pessoa seria o responsável pelo pagamento de propinas. E assinou o acordo para ter sua pena reduzida.
Outro presente ao jantar com Lula e Alckmin foi o advogado Pierpaolo Cruz Bottini, que atuou no acordo de delação premiada do presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini.
Avancini, em seu acordo com a força-tarefa, confirmou a existência de um cartel do empresários. Em 2019, a juiza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, concedeu a ele um indulto, atendendo a um pedido da defesa para a concessão do benefício regulamentado pelo Decreto 9.246 de dezembro de 2017, do então presidente Michel Temer.
Também participaram do jantar, que contou com cerca de 30 pessoas, empresários como João Camargo, do grupo Esfera; Pedro Silveira, da Upon Global Capital; Carlos Sanchez, da EMS; Cândido Pinheiro, da Hapvida, e Matheus Santiago, da Ageo Terminais.
Acompanhando Lula estavam Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo da chapa; Emídio de Souza, que exerce a mesma função em relação à pré-candidatura de Fernando Haddad em São Paulo; o deputado Márcio Macedo, tesoureiro da campanha presidencial; além do economista Gabriel Galípolo.
Galípolo, aliás, tem ajudado na interlocução com o mercado financeiro e dado o tom da política monetária que deve ser implantada pelo petista, caso vença a eleição.
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