Lula quer lançar seu nome em março e pede fim de resistência a Alckmin
O ex-presidente participou de um seminário com senadores e deputados do partido. A palavra de ordem foi “ampliar para ganhar e governar”
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve lançar o seu nome à Presidência da República em março deste ano, de acordo com parlamentares do partido. As bancadas da legendas na Câmara e no Senado realizaram, nesta segunda-feira (31/1), um seminário para planejar as estratégias de atuação.
Em mensagem passada aos deputados e senadores no evento, Lula pediu que resistências fossem quebradas entre os próprios petistas com o objetivo de ampliar, ao máximo, o leque de alianças do PT para as eleições deste ano e ainda em nome da governabilidade, em caso de eventual futuro governo.
Uma dessas resistências seria ao nome do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB há mais de um mês o PSDB e é cotado para ser vice de Lula, ou em um partido da provável federação tentada com o PT (PSB, PCdoB e PV), ou em uma coligação buscada pelos petistas com o PSD, partido liderado pelo ex-ministro Gilberto Kassab.
Outra resistência histórica a ser superada pelos parlamentares a pedido de Lula está na relação com os tucanos. Lula tem buscado aproximação, realizando encontros com os principais expoentes do partido. O ex-presidente espera que os petistas do Congresso não tenham atrito com legendas do chamado “campo democrático”, ou seja, na visão do PT, os que resistem ao governo de Jair Bolsonaro.
“Ampliar para governar”
De acordo com integrantes da bancada que participaram da reunião, as palavras de ordem de Lula em mensagem à bancada foram: “ampliar para ganhar, ampliar para governar”.
Nesse contexto, Lula pediu: “Cuidem de mim”, disse o vice-presidente do PT, José Guimarães.
Ou seja, o ex-presidente espera vencer qualquer tipo de resistência interna no partido à articulação para além dos partidos de esquerda.
“Eu tenho de ser o candidato de um movimento que ultrapasse as fronteiras do PT. De um movimento que quer redemocratizar o país de verdade; que quer restabelecer os direitos do povo trabalhador; que quer restabelecer o acesso à educação, à creche, ao ensino universitário; que quer tratar a saúde e a educação como investimento e não como gasto”, argumentou Lula durante o evento.
“Precisamos convencer o povo brasileiro de que não basta eleger o presidente da República, é preciso eleger um Congresso Nacional progressista, com mais senadores e senadoras, mais deputados e deputadas comprometidos com os trabalhadores”, enfatizou.
líder da bancada no Senado, Paulo Rocha (PA) apontou a disposição de diálogo com legendas fora do campo da esquerda.
“O Lula serve como um fortalecimento do projeto politico que estamos construindo, mas ele acha que precisa de um time além do PT”, disse o senador.
“Para enfrentar isso que está sendo construído em nosso país, enfrentar o neofascismo, temos clareza que esse papel não é só da chamada esquerda. Precisa também que outros democratas venham para cá para se juntar a nós”, observou Rocha, diante do discurso de Lula.
“Portanto, a ideia de buscar um vice que tenha esse papel de ampliar está colocada no PT e isso é consenso. O que se discute é nome”, disse Rocha, que minimizou as resistências existentes. “Claro que quando surge um nome A, B ou C, alguns reagem. Isso é próprio do PT, ainda bem, porque nós construímos um partido assim, com essa pluralidade”, destacou.
Abrir o leque
Na mesma linha do ex-presidente, a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann também reforçou a necessidade de ampliação do leque de alianças:
“Nesse processo, nós devemos buscar alianças políticas para vencer o autoritarismo, o bolsonarismo e tudo isso de ruim que aconteceu no nosso país. E as alianças, elas devem ser amplas o suficiente para nós defendermos a democracia. Mas sem, jamais, prescindir do nosso programa e do que é a centralidade da nossa caminhada: a vida do povo brasileiro”, defendeu Gleisi, perante os integrantes de bancada.
Petistas históricos chegaram a se manifestar em contrariedade à articulação liderada por Lula, entre eles, o ex-presidente da legenda Rui Falcão (SP), o ex-deputado José Genoino (SP) e dirigentes de correntes da esquerda do partido, como é o caso de Valter Pomar (SP).