Lula em evento na Amazônia: “Presidente da Funai pode ser indígena”
Candidato do PT se reuniu com lideranças de povos originários, quilombolas e de terreiros, em evento nesta sexta-feira (2/9), no Pará
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato ao Planalto, defendeu a possibilidade de que o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) seja de origem indígena, em ato de campanha nesta sexta-feira (2/9), no Pará. Ele reforçou ainda a promessa de criar o Ministério dos Povos Originários, caso seja eleito.
“O presidente da Funai não precisa ser um branco igual a mim, pode ser um indígena ou uma indígena. Com a quantidade de médicos indígenas formados que já tem, eles próprios podem cuidar da saúde indígena. Vocês terão representação oficial, para que não fiquem sendo tratados como ‘crianças mimadas’ que não sabem o que querem”.
Chamado de Encontro de Lula com os Povos da Floresta e das Águas, o ato de campanha do candidato em Belém (PA), nesta manhã, reuniu lideranças de comunidades indígenas, quilombolas e de terreiros na região Amazônica.
No encontro, o candidato do PT também fez referência à fala polêmica do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, e disse que caso seja eleito, as coisas vão mudar: “Quero dizer para vocês que a boiada não vai passar mais”.
Além da pasta dedicada às comunidades indígenas, Lula também falou na volta dos ministérios da Pesca e da Cultura.
“Em cada capital haverá um comitê da cultura, para que a gente tente mudar de uma vez por todas, no Brasil, o conceito de cultura. Cultura não é apenas assistir Dança dos Famosos, nem assistir as novelas que vem do Centro-Sul. Cultura é o país inteiro conhecer a riqueza da nossa diversidade, a riqueza cultural indígena, quilombola, de tanta gente espalhada por esse país que vive no anonimato porque ninguém conhece”.
“Queremos um país megadiverso do ponto de vista da cultura para que a gente possa garantir que o povo brasileiro se compreenda, e saiba o que ele é”, adicionou.
Liberdade religiosa
O candidato também dirigiu parte do discurso aos representates de povos de terreiro — conjunto de populações, em sua maioria de origem afro-brasileira, ligadas às comunidades religiosas de matrizes africanas. A eles, prometeu defender a livre manifestação religiosa no país.
“Primeiro, o Estado brasileiro não pode ter religião, o Estado brasileiro é laico. Eu sou católico e acho que, da mesma forma que o estado não pode ter religião, a Igreja não pode ter partido”, justificou.
“Eu quero que vocês saibam que todas as religiões desse país serão profundamente respeitadas. Todo mundo tem o direito de crer no seu Deus e todo mundo tem o direito de professar a sua fé. Haverá respeito a todas as religiões, às religiões de matriz africana, aos evangélicos, aos católicos, aos judaicos, aos islâmicos, todos serão respeitados, porque é isso que está na Constituição brasileira”.
Homenagem a Bruno e Dom
O evento também contou com uma homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips, assassinados em junho na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas.
A viúva de Bruno, Beatriz Matos, cobrou justiça por eles e pediu que “todos os envolvidos sejam responsabilizados pelo crime”.
Após o encontro, Lula embarcou para São Luís (MA), para dar continuidade à agenda de campanha. Na capital maranhense, ele participará do evento Todos Juntos pelo Maranhão, no estacionamento ao lado da Praça Maria Aragão, às 18h.