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Lula e Bolsonaro vão apelar para a “emoção” na última semana de campanha

Nesta reta final, candidatos à Presidência precisam garantir os votos que já tiveram no 1° turno e ainda correr atrás de mais

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Arte mostra desenhos dos candidatos à presidência Lula e Bolsonaro sob as cores, respectivamente, vermelho e azul - Metrópoles
1 de 1 Arte mostra desenhos dos candidatos à presidência Lula e Bolsonaro sob as cores, respectivamente, vermelho e azul - Metrópoles - Foto: Yanka Romão/Metrópoles

As propagandas e os discursos dos candidatos à Presidência da República devem se voltar às emoções dos eleitores nesta reta final de uma das corridas ao Planalto mais acirradas da história brasileira. Próximos um do outro nas pesquisas e disputando cada voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vão tentar passar a seus apoiadores a esperança na vitória e estimular, cada vez mais, o medo do adversário.

Guardar o tom mais emotivo para dias antes da decisão final é um dos mandamentos do marketing político. Conseguir influenciar o debate nos momentos que antecedem a votação é muito importante, pois uma porcentagem do eleitorado decide o voto (ou mesmo se vai votar) na última hora.

“O desafio fundamental dos candidatos é convencer seus eleitores a irem votar, garantir a menor abstenção possível. E apelar para a emoção é a maneira mais efetiva de conseguir isso. É dizer que a vitória está próxima, mas depende do voto de cada um. Ambos os candidatos devem fazer isso, e resta saber qual terá mais sucesso”, avalia o cientista político João Villaverde, pesquisador do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da FGV-SP.

A abstenção no primeiro turno das eleições deste ano não fugiu muito da média histórica, mas foi a maior desde 1998: 20,9%. Em 2018, somou 20,33% no primeiro turno e 21,20% no segundo.

“Historicamente, a abstenção costuma subir no segundo turno, pois há menos votos a fazer. Na maioria dos estados, a eleição para governador já foi resolvida, então, o desafio de Lula e Bolsonaro é levar seus eleitores para as urnas”, afirma Villaverde, que vê o caminho ainda mais difícil para Bolsonaro, que tem conseguido recuperar terreno nas pesquisas, mas passou para o segundo turno perdendo para Lula por mais de seis milhões de votos.

“Bolsonaro precisa levar de volta às urnas todos que já votaram nele e ainda conseguir mais 7 milhões de votos. Lula também tem de convencer todos que votaram nele a repetir o voto, além de encontrar mais 1,7 milhão de votos”, afirma o cientista político João Villaverde.

E como despertar a emoção no eleitor?

Em 2018, o último programa eleitoral de Bolsonaro trouxe como ponto alto a bandeira brasileira surgindo em suas cores e apagando o vermelho, enquanto um narrador dizia que chegava o momento do embate “do Brasil contra o PT”.

Já Lula conseguiu feito marcante na reta final de sua primeira campanha vitoriosa, em 2002, com uma peça que mostrava mulheres grávidas descendo uma colina, simbolizando a esperança de um novo tempo, e terminava com a narração do cantor Chico Buarque chamando os eleitores a escolher o tipo de país que queriam para seus filhos crescerem.

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Cena da propaganda de Lula em 2002
Há quatro anos, Bolsonaro já apostava no antipestismo
Em 2002, campanha de Lula tentava promover a esperança
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Cena de propaganda de Bolsonaro em 2018

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Cena da propaganda de Lula em 2002

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Há quatro anos, Bolsonaro já apostava no antipestismo

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Em 2002, campanha de Lula tentava promover a esperança

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“Campanha sem bala de prata”

Lula e Bolsonaro seguramente vão bater forte um no outro nesta última semana, como já vêm fazendo ao longo da campanha, mas já há pouco espaço para uma desconstrução capaz de fazer grande diferença, avalia o também cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa.

“Os dois foram muito desgastados pelas campanhas adversárias e têm rejeições semelhantes, apesar de a do Bolsonaro seguir ligeiramente maior. Então, não vejo como alguma acusação repetida possa ainda ter muito efeito. É uma campanha sem bala de prata, que vai ser definida nos detalhes”, avalia César, em entrevista ao Metrópoles.

Para o especialista, porém, Bolsonaro ainda dispõe de um pouco mais de opções por ter – e estar usando – a máquina pública a seu favor. “O pacote econômico, com consignado do Auxílio Brasil e adiantamento de outros benefícios, e ações, como colocar bandeirão do Brasil nos palácios presidenciais, são coisas que ferem a isonomia, criam uma assimetria que precisaremos debater após as eleições, pensando no futuro”, frisa.

“Além disso, a campanha de Bolsonaro ainda tem um trunfo muito forte que é o antipetismo, que tende a ser mais forte nessas horas de definição, funcionou bem no interior de São Paulo e pode estar acontecendo em Minas, onde Lula ganhou por pouco (cerca de meio milhão de votos) no primeiro turno”, completa André César, que lembra, por fim, que Lula também tem vantagem importante nesta reta final: ter passado para o segundo turno com mais de seis milhões de votos.

“Mas temos o achatamento das curvas [de intenções de voto]. Então, a única segurança que temos ao entrar nesta última semana é que a disputa está apertada e que quem ganhar vai ganhar com pequena diferença”, conclui o cientista político.

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Lula seria derrotado por Bolsonaro se as eleições fossem hoje, diz pesquisa
O debate foi promovido pela TV Bandeirantes e um pool associado de veículos
Lula em campanha em Minas Gerais, em 2022
Bolsonaro em campanha
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Lula e Bolsonaro disputam o segundo turno

Fotos: Fábio Vieira e Igo Estrela/Metrópoles
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Lula seria derrotado por Bolsonaro se as eleições fossem hoje, diz pesquisa

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O debate foi promovido pela TV Bandeirantes e um pool associado de veículos

Fábio Vieira/ Metrópoles
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Lula em campanha em Minas Gerais, em 2022

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Bolsonaro em campanha

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