Lula diz que, se ganhar, vai ter que “dar um jeito no Centrão”
Ex-presidente afirmou ainda que será preciso “mexer no orçamento secreto”, implementado durante a gestão Bolsonaro
atualizado
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O ex-presidente e candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, neste domingo (18/9), que, se for eleito, precisará “dar um jeito” no bloco de partidos conhecido como Centrão. O grupo, que reúne partidos de centro e centro-direita, compôs a base de todos os governos desde a redemocratização, inclusive os petistas.
Duramente criticado por Jair Bolsonaro (PL) na campanha eleitoral de 2018, o bloco se fidelizou à gestão bolsonarista a partir de 2020. Hoje, há expoentes do Centrão comandando ministérios de Bolsonaro, como Ciro Nogueira (PP-PI), que chefia a Casa Civil.
“Eu preciso de senador e eu preciso de deputados e deputadas”, iniciou Lula em discurso durante comício em Florianópolis (SC). Em seguida, o petista fez campanha para alguns de seus candidatos e disse que, além do Centrão, em um eventual novo mandato, será preciso “mexer” no orçamento secreto, mecanismo criado no governo Bolsonaro.
“É preciso votar nos deputados do chamado ‘time do Lula’, dos partidos que me apoiam, porque se a gente ganhar a gente vai ter que dar um jeito no Centrão, a gente vai ter que mexer no orçamento secreto, a gente vai ter que cumprir o salário da enfermagem nesse país, a gente vai ter que melhorar o piso dos professores. Porque se a gente quiser melhorar a educação, a saúde, a gente tem que contratar mais gente e a gente tem que pagar”, completou Lula.
Veja:
O orçamento secreto é como ficaram conhecidas as emendas de relator, identificadas também como RP9. É uma ferramenta que permite que parlamentares façam o requerimento de verba da União sem detalhes como identificação ou mesmo destinação dos recursos. Criado em 2019, no Projeto de Lei do Congresso Nacional número 51, o mecanismo ajuda o presidente a negociar com as bancadas do Congresso Nacional em busca de apoio político.
Nos últimos meses, o assunto ganhou notoriedade ao ser atrelado a suspeitas de fraudes e corrupção utilizando o dinheiro público, como nas compras de caminhão de lixo e a licitação bilionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a aquisição de ônibus escolares.
Inicialmente, o Congresso tentou viabilizar a RP9 e o presidente vetou a medida. Mas, depois, ele recuou do veto e encaminhou ao Congresso o texto que criou o mecanismo.