Lula diz que elite brasileira é “escravista” e classe média “ostenta”
“Aqui na América Latina, a chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário”, disse o petista
atualizado
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Em evento promovido pela Fundação Perseu Abramo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na noite de segunda-feira (4/4), fez uma dura crítica à elite brasileira, que, para ele, é “escravista”. “Ela pode ser avançada em um debate em Nova York, visitando Paris. Mas aqui no Brasil, a mentalidade dela é escravista. E nós temos que ter coragem de dizer isso”, afirmou o pré-candidato à Presidência da República ao ex-presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz.
O debate “Brasil, Alemanha e União Europeia: desafios progressistas e parcerias estratégicas” foi realizado em parceria com a fundação Friedrich Ebert. Lula também criticou a classe média brasileira, dizendo que esta parcela da sociedade “ostenta um padrão de vida que nenhum lugar do mundo a classe média ostenta”.
“Nós temos uma classe média que ostenta um padrão de vida que não tem na Europa, que não tem em muitos lugares. Aqui na América Latina, a chamada classe média ostenta muito um padrão de vida acima do necessário”, continuou o ex-presidente.
Lula afirmou que o país está “em construção” e “ainda falta fazer tudo”. “Nós precisamos governar por muitos e muitos anos recuperando a cada dia para que a gente possa fazer o Brasil adquirir um padrão de desenvolvimento sustentável”, ressaltou.
“Na medida em que você não impõe um limite, você faz com que as pessoas comprem um barco de 400 milhões de dólares e compre um outro barco para pousar o seu helicóptero. O Brasil está em processo de construção. Ainda falta fazer tudo”, completou.
Mesa de negociações
Em seu programa de governo, Lula vai propor a abertura de uma mesa de negociações envolvendo sindicatos, representantes do setor empresarial e membros de um eventual futuro governo. A ideia, inspirada no modelo adotado pelo atual governo da Espanha, é abrir negociações prévias antes de se enviar para o Congresso uma proposta de mudança na atual lei trabalhista.
A proposta, tal como está sendo desenhada, segue a tentativa de Lula dialogar com setores industriais. O petista garante que não haverá razão para sustos ou temor dos empresários quanto a uma futura contrarreforma trabalhista em seu governo, visto que nada será enviado para votação no Legislativo sem antes passar por negociação prévia.
Além disso, o modelo exige dos sindicatos e das centrais uma certa união da pauta de reivindicações.